O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recuou
e decidiu revogar a norma da Receita Federal com mudanças no processo de
monitoramento das movimentações financeiras.
A informação foi divulgada na tarde de quarta-feira (15) pelo
secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, após uma reunião com o
próprio Lula.
O recuo do governo acontece em meio a uma repercussão muito
negativa das mudanças, dando conta de que o Executivo taxaria as transações via
Pix.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, por sua
vez, que o governo editará uma Medida Provisória (MP) que garantirá a não taxação
do Pix.
“A MP garante a não tributação do Pix”, disse o chefe da
equipe econômica.
“É para evitar judicialização e mentiras que a Receita
Federal está tomando a atitude de revogar. O advogado-geral da União, Jorge
Messias, vai falar como vamos chegar nos autores das ‘fake news’. Tudo isso
para resguardar as pessoas”, completou.
Quais mudanças haviam sido feitas pela Receita
Em setembro do ano passado, por meio de uma Instrução
Normativa (IN), a Receita Federal anunciou mudanças no processo de monitoramento
de transações financeiras. Apesar de ter sido editada em 2024, a norma só
entrou em vigor em 1º de janeiro de 2025.
De acordo com a Receita, além das “instituições financeiras
tradicionais, as entidades como administradoras de cartão de crédito e
instituições de pagamento devem enviar informações” por meio de uma ferramenta
específica de comunicação, a e-Financeira.
A e-Financeira opera dentro do Sistema Público de
Escrituração Digital (Sped), instituído em 2007 e que processa, por exemplo, as
notas fiscais eletrônicas.
Segundo o texto da IN, movimentações globais ou saldo, em
cada mês, por tipo de operação, terão de ser informados à Receita quando
ultrapassarem R$ 5 mil (para pessoas físicas) e R$ 15 mil (pessoas jurídicas).
Até então, os limites eram menos restritivos, de R$ 2 mil e R$ 5 mil,
respectivamente.
Desde que as mudanças entraram em vigor, o tema ganhou as
redes sociais e foi usado por figuras ligadas à oposição ao governo Lula, que
acusaram o governo de tributar as transações via Pix – o que é falso – e de buscar
a cobrança maior de IR.
O que disse o Ministério da Fazenda
No último dia 9 de janeiro, Haddad publicou um vídeo no qual
rebate uma série de notícias falsas envolvendo a suposta criação de novos
tributos e a taxação do Pix, entre outros temas.
“Pessoal, vamos prestar atenção. Está circulando uma ‘fake
news’ que prejudica o debate público, prejudica a política, prejudica a
democracia. Essas coisas estão circulando e nem sempre as pessoas têm tempo de
checar as informações. Essas coisas são mentirosas e, às vezes, eles misturam
com uma coisa que é verdadeira para confundir a opinião pública”, afirmou
Haddad, na ocasião.
O secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, número 2 da
Fazenda, também negou qualquer modificação no Pix, ao participar, na noite de
terça-feira (14), do Onde Investir 2025, evento organizado pelo InfoMoney.
Durigan explicou que a nova regra da Receita Federal foi
necessária para padronizar o envio de informações de movimentações por
instituições financeiras, já que algumas reportavam transações com o Pix,
enquanto outras tinham dúvidas sobre a necessidade de incluir o serviço nas
prestações de contas.
Durigan ainda ressaltou a importância da fiscalização no
combate ao crime organizado, ao destacar que “a Receita é a grande responsável
por subsidiar autoridades criminais na apuração de crimes”.
“Faça e receba seus Pix, a Receita Federal não quer
prejudicar ninguém, pelo contrário, quer proteger o cidadão brasileiro”,
concluiu.
Efeito Nikolas
Um vídeo publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira
(PL-MG), um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL),
viralizou nas redes sociais e, em um período de apenas 24 horas, ultrapassou a
marca de 120 milhões de visualizações no Instagram.
Na gravação, publicada na terça-feira (14), o deputado reconhece que o Pix não será
taxado, mas insinua que a medida poderia estar nos planos do governo mais
adiante. “Não, o Pix não será taxado, mas não duvido que possa ser”, diz
Nikolas.
O parlamentar oposicionista dá a entender que as mudanças no
monitoramento de transações eletrônicas por parte da Receita Federal teriam
como objetivo a cobrança de Imposto de Renda (IR) de pessoas que movimentam
valores cuja origem não tenha sido comprovada. O governo rechaça qualquer
ligação entre os controles da Receita e a cobrança de IR.
O vídeo de Nikolas Ferreira viralizou nas redes sociais nas
últimas 24 horas. O nome do deputado está entre os assuntos mais comentados do
X (antigo Twitter) e também aparece na lista dos temas mais buscados no Google
Trends.
“O governo quer saber como você ganha R$ 5 mil e paga R$ 10
mil de cartão, mas não quer saber como uma pessoa que ganha um salário mínimo
faz para sobreviver pagando luz, moradia, educação, compra do mês e gastos”,
afirma o deputado na gravação.
Nikolas ironiza, ainda, ao dizer que “o amor está custando
caro demais” e que o governo só pensa em arrecadar, mas não oferece nada em
troca. “Se a gente não parar o Lula, ele vai parar o Brasil”, completa o
deputado.
Comentários
Postar um comentário
Olá, agradecemos a sua mensagem. Acaso você não receba nenhuma resposta nos próximos 5 minutos, pedimos para que entre em contato conosco através do WhatsApp (19) 99153 0445. Gean Mendes...