Aumento do salário dos vereadores de Conchal foi de 33% e não de 27% como Câmara informou à reportagem da grande mídia – Veja documento que comprova aumento de 33%
Na última segunda-feira, 15 de março, a Câmara Municipal de
Conchal aprovou, de forma unânime, um reajuste de 33,46% nos subsídios dos
vereadores, elevando-os de R$ 6.330,56 para R$ 8.448,86.
A votação ocorreu de maneira quase silenciosa, sem
manifestações dos parlamentares na tribuna para justificar o aumento à
população. O F5 Conchal, estava atento e, mesmo não estando presente
fisicamente na sessão, percebeu a forma tímida que aconteceu a votação e
noticiou o reajuste em primeira mão na manhã seguinte, 16 de março.
A notícia rapidamente ganhou repercussão em diversos veículos
de comunicação da região, incluindo a grande mídia. Em reportagem do G1, o
diretor da Câmara de Conchal, Edson Bonini, afirmou que houve um "erro"
de digitação no valor informado inicialmente, declarando que o subsídio dos
vereadores seria de R$ 8.083,69, representando um aumento de 27,69%.
Contudo, o documento aprovado pelos parlamentares especifica claramente o valor de R$ 8.448,86, confirmando o reajuste de 33,46%. VEJA ABAIXO:
Nesta quinta-feira (20), o F5 Conchal entrou em contato com o
presidente da Câmara Municipal de Conchal, Yago da Locatelli, que confirmou que
o documento votado previa um reajuste de 33,46%. Yago também informou que
questionaria o diretor da Câmara sobre a origem dos números informados
erroneamente ao portal de notícias do Globo.
Além disso, esclareceu que não há nenhum apontamento oficial
do Tribunal de Contas referente à necessidade do reajuste, existindo apenas
conversas informais sobre um possível apontamento nas contas da legislatura
anterior por não ter realizado o reajuste no período determinado por lei.
Vale ressaltar que, ainda que fosse um erro de digitação,
esse suposto equívoco poderia gerar um prejuízo anual de R$ 48.202,44 aos
cofres públicos, valor que, eventualmente, teria que ser restituído ao
município.
É alarmante que 11 parlamentares, cuja função é fiscalizar o
uso do dinheiro público, não tenham sido capazes de realizar uma simples
verificação e fiscalização de seus próprios atos.
Após a ampla repercussão negativa sobre a aprovação do
aumento, os vereadores passaram a considerar o ato como um erro, embora
anteriormente não tenham se manifestado na tribuna sobre o projeto que aumentaria
seus próprios subsídios.
Os vereadores
ficarão sem o reajuste?
Não. O reajuste terá que ser aplicado, mais cedo ou mais
tarde, conforme determina a legislação.
Entretanto, a Câmara possui a prerrogativa de alterar o
percentual do aumento. Atualmente, os vereadores em Conchal recebem o
equivalente a 25% do salário de um deputado estadual.
Se os parlamentares estivessem realmente comprometidos em
economizar o dinheiro dos contribuintes, poderiam propor a alteração da Lei
Orgânica do município para que seus subsídios correspondessem a 10% do salário
de um deputado estadual, que atualmente é de R$ 34.774,64.
Com essa mudança, cada vereador em Conchal passaria a receber
R$ 3.477,46, valor significativamente inferior ao atual de R$ 6.330,56 e muito
abaixo dos R$ 8.448,86 aprovados recentemente.
A falta de transparência e a tentativa de justificar o
aumento com informações contraditórias demonstram a necessidade de uma
fiscalização mais rigorosa e de um compromisso real dos vereadores com os
interesses da população que representam.
TCE-SP vê
irregularidade em reajuste
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) informou ao G1, que essa fixação deveria ter sido feita antes do pleito eleitoral. Ou
seja, não haveria a possibilidade de os parlamentares reajustarem o próprio
salário.
O órgão ainda destacou que a fixação e pagamento dos
subsídios é item obrigatório de fiscalização nas Contas Anuais das Câmaras
Municipais e que o ordenador da despesa pode ser condenado à devolução dos
valores e ter suas contas julgadas irregulares, com encaminhamento ao
Ministério Público.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que
"a promotoria de Justiça de Conchal irá se inteirar sobre o assunto para
adotar as providências cabíveis, caso necessário".
Especialistas em direito público consideram a situação inconstitucional, argumentando que o aumento deveria ser determinado apenas
para a legislatura subsequente, conforme determina a Constituição Federal.
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