Nos últimos meses, os bebês reborn — bonecas hiper-realistas
que imitam recém-nascidos — tornaram-se um dos assuntos mais discutidos no
Brasil. O fenômeno, que mistura arte, afeto e redes sociais, ultrapassou o
universo dos colecionadores e chegou ao Congresso Nacional, ao Judiciário e aos
debates sobre saúde mental.
O que são bebês reborn?
Criadas artesanalmente com detalhes minuciosos, como veias
aparentes, unhas pintadas e cabelos implantados fio a fio, essas bonecas são
produzidas para se assemelhar a bebês reais. Originalmente voltadas para
colecionadores e fins terapêuticos, elas ganharam popularidade nas redes
sociais, especialmente no TikTok e Instagram, onde usuários compartilham
rotinas de cuidados, como se estivessem cuidando de filhos reais.
Casos recentes que
repercutiram
Um dos episódios mais notórios envolveu um casal de Goiás que
entrou na Justiça disputando a "guarda" de uma bebê reborn. A boneca,
além de possuir um enxoval completo, tinha um perfil no Instagram que gerava
receita por meio de parcerias e publicidade. A advogada Suzana Ferreira relatou
que a disputa incluía não apenas a posse da boneca, mas também a administração
da conta monetizada, considerada um ativo digital.
Outro caso que gerou debates foi o de influenciadoras que
levaram seus bebês reborn a unidades de saúde, tentando obter atendimento
médico. Embora não haja confirmação de que esses episódios tenham ocorrido fora
do contexto das redes sociais, as cenas provocaram indignação e discussões
sobre o uso de recursos públicos.
Reações legislativas
A polêmica chegou ao Congresso Nacional, resultando na
apresentação de três projetos de lei:
*PL 2326/2025: Proíbe o atendimento de bonecos
hiper-realistas em unidades de saúde públicas e privadas, incluindo o SUS.
*PL 2320/2025: Estabelece multas para quem tentar obter
benefícios destinados a crianças de colo, como atendimento preferencial,
utilizando bebês reborn.
*PL 2323/2025: Prevê acolhimento psicossocial no SUS para
pessoas que desenvolvam vínculos afetivos intensos com objetos de representação
humana, como os bebês reborn.
Especialistas em saúde mental destacam que, para muitas
pessoas, os bebês reborn funcionam como objetos terapêuticos, auxiliando no
enfrentamento de perdas gestacionais, luto ou solidão. A psicóloga Larissa
Fonseca afirma que atividades lúdicas, como cuidar de bonecas, podem ativar
áreas do cérebro relacionadas ao relaxamento e prazer.
No entanto, o psiquiatra Daniel Barros alerta que o apego
excessivo pode ser preocupante quando a pessoa passa a acreditar que o boneco é
real, o que pode indicar um distanciamento da realidade.
O debate continua envolvendo diferentes setores da sociedade
na busca por um entendimento equilibrado sobre o tema.
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