Conchal: 🕵️♂️ De CONSAB a CONDESU — vereadores têm o dever de fiscalizar, mas muitos ainda preferem só discursar
O consórcio
público responsável pela gestão de serviços como coleta de lixo e outras
demandas regionais em Conchal e cidades vizinhas mudou de nome — de CONSAB para
CONDESU —, mas o comportamento dos gestores do consórcio e de parte dos
vereadores em Conchal, parece não ter
mudado em nada. Mesmo com contratos milionários e dinheiro público envolvido, a
falta de fiscalização efetiva persiste, substituída por discursos soltos na
tribuna e insinuações que pouco ou nada resultam em ação concreta.
Nas últimas
sessões da Câmara Municipal de Conchal, têm sido recorrentes as reclamações de
vereadores sobre a suposta falta de transparência do CONDESU — o consórcio
público regional que administra diversos serviços com recursos compartilhados
entre prefeituras. Embora os discursos sejam inflamados e causem efeito no
plenário, a verdade é que muitos parlamentares parecem estar mais interessados
em parecer que estão fiscalizando do que em, de fato, agir.
O histórico
do antigo CONSAB é conhecido. Em vez de ser fiscalizado por quem tem poder
constitucional para isso — os vereadores —, foi alvo de denúncias feitas por
cidadãos comuns, que, por conta própria, identificaram falhas,
superfaturamentos e contratos obscuros. Muitos parlamentares, na época,
limitaram-se a discursos inflamados, sem apresentar requerimentos, sem visitar
a sede do consórcio e, principalmente, sem romper com o que parecia ser uma
relação de apadrinhamento político — já que, em alguns casos, aliados ocupavam
cargos de confiança dentro do próprio consórcio.
Agora, com o
CONDESU sob a mesma estrutura de funcionamento, a prática se repete. Alguns
vereadores questionam que o ex-prefeito de Conchal, Vando Magnusson, hoje
contratado pelo CONDESU, estaria recebendo sem, de fato, exercer sua função de
forma efetiva. Há quem insinue que ele não está trabalhando, mas também não há,
até o momento, qualquer medida concreta por parte da Câmara para esclarecer
essa situação. Será que não é hora dos vereadores iniciarem uma inspeção no
local onde o ex-prefeito atua como servidor do consórcio? Ou até instaurarem
uma Comissão de Investigação (CI)? Se ele está trabalhando, deve mostrar
resultados. Se não está, então é dever do Legislativo cobrar explicações e, se
for o caso, exigir a devolução do dinheiro público. Ou será que mais uma vez
vamos ver cidadãos comuns tendo que fazer o trabalho daqueles que são pagos
para fiscalizar e denunciar irregularidades?
Vale lembrar
que o vereador tem total amparo legal para fiscalizar qualquer empresa ou
consórcio que receba dinheiro público do município, mesmo que essa entidade
esteja sediada fora da cidade. O artigo 31 da Constituição Federal assegura ao
Legislativo municipal o controle externo sobre o Executivo e sobre qualquer
ente que utilize recursos públicos. A Lei dos Consórcios Públicos (Lei nº
11.107/2005) reforça que o consórcio deve prestar contas aos entes consorciados
— e isso inclui, obrigatoriamente, o acesso às informações pelos vereadores. A
Lei de Acesso à Informação também se aplica.
Portanto,
não há desculpas legais. O que falta é atitude. Qualquer vereador pode (e deve)
formalizar um requerimento solicitando relatórios, notas fiscais, atas,
contratos, e até visitar a sede do CONDESU para fiscalizar a execução dos
serviços. Pode, inclusive, solicitar abertura de comissão de inquérito ou levar
o caso ao Ministério Público caso as respostas não venham.
A história
já mostrou que falar alto na tribuna não é o mesmo que fiscalizar. O que
realmente muda a realidade é agir com os instrumentos que o mandato oferece.
Enquanto isso não acontecer, quem paga a conta — e paga caro — é a população,
que continua assistindo a um teatro político onde o barulho serve mais para
confundir do que para esclarecer.
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