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Escalada no Oriente Médio pressiona o preço dos combustíveis, impacta o agronegócio, ameaça a estabilidade econômica e reacende alerta humanitário global. 👉 Entenda como a guerra entre Israel e Irã pode afetar o Brasil mesmo sem envolvimento direto no conflito.

F5 Conchal


A ofensiva militar lançada por Israel nesta quinta-feira (13) contra o Irã elevou o nível de tensão internacional a um patamar alarmante. Com bombardeios massivos sobre instalações nucleares e a morte de figuras centrais da Guarda Revolucionária Iraniana, o conflito rompeu a barreira da guerra indireta e passou a um enfrentamento militar direto entre dois dos mais influentes atores do Oriente Médio. A retaliação imediata do Irã, por meio do lançamento de drones e promessas de “resposta prolongada”, acendeu o alerta máximo em diversas capitais do mundo, incluindo Washington, Bruxelas, Moscou e Pequim.

Embora o Brasil não faça parte diretamente do conflito, as consequências dessa escalada são inevitáveis e atingem a todos. A primeira delas é econômica. Com o risco de bloqueio no Estreito de Ormuz — responsável pelo escoamento de cerca de 20 a 30% do petróleo comercializado globalmente, segundo dados da U.S. Energy Information Administration (EIA) —, o preço do barril disparou nos mercados internacionais. Em apenas um dia, os contratos futuros do petróleo Brent saltaram mais de 9%, ultrapassando os US$ 78 o barril, conforme monitoramento da Reuters.


Esse aumento pressiona diretamente os combustíveis no Brasil, país que adota o modelo de preço de paridade de importação (PPI) para definir os valores da gasolina, diesel e gás de cozinha, conforme política da Petrobras. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), mesmo sendo produtor de petróleo, o Brasil importa derivados, o que o torna vulnerável às variações internacionais. Um estudo da CNN Brasil, baseado em cálculos do mercado, aponta que a cada 1% de alta na gasolina, o IPCA pode subir 0,07% — um impacto direto sobre o poder de compra da população, especialmente nos setores de transporte e alimentação.

O cenário também pressiona o agronegócio brasileiro. O aumento do custo do transporte marítimo e aéreo, somado à instabilidade nas cadeias logísticas globais, pode afetar a exportação de commodities agrícolas, como soja, milho e carnes, que têm países do Oriente Médio e da Ásia como importantes

mercados consumidores. Segundo o Ministério da Agricultura, o Irã, por exemplo, está entre os dez maiores destinos das exportações do agro brasileiro. Um conflito prolongado pode reduzir a demanda externa ou dificultar o escoamento da produção nacional, prejudicando o superávit comercial do setor.

Além disso, a volatilidade nos mercados financeiros, provocada pelo temor de uma guerra ampla, pode impactar o câmbio e a entrada de investimentos estrangeiros no país. Situações semelhantes no passado — como no início da Guerra do Golfo ou na invasão do Iraque — provocaram fuga de capitais de países emergentes, elevação do dólar e retração em bolsas de valores. A OCDE e o FMI alertam que conflitos geopolíticos afetam o apetite por risco, tornando países como o Brasil mais expostos a choques externos.



No campo político e diplomático, o Brasil será pressionado a se posicionar em organismos multilaterais como a ONU e o G20. A política externa brasileira, tradicionalmente pautada pela neutralidade e pelo diálogo, poderá ser desafiada se houver sanções internacionais, resoluções de condenação ou pressões bilaterais. Uma resposta ambígua pode comprometer acordos comerciais e estratégicos, enquanto uma tomada de posição pode gerar desgaste com blocos opostos — como já ocorreu durante a guerra da Ucrânia, quando o Brasil foi cobrado por sua postura perante Rússia e OTAN.

A crise ainda acende um alerta humanitário. Em situações semelhantes no passado, como as guerras no Iraque e na Síria, o Brasil foi de fato destino de refugiados e imigrantes afetados por conflitos armados. Dados do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) e da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) mostram que, entre 2011 e 2023, mais de 4 mil sírios solicitaram refúgio no Brasil, sendo o país um dos poucos a criar um visto humanitário específico para cidadãos sírios. O Brasil também acolheu refugiados do Afeganistão, Haiti e Venezuela, com políticas de interiorização e acesso a serviços públicos. Em junho de 2023, o país contava com mais de 667 mil pessoas sob proteção internacional (refugiados, solicitantes de refúgio e migrantes forçados), segundo o relatório Refúgio em Números, divulgado pelo Ministério da Justiça.

Caso o embate entre Irã e Israel se prolongue e envolva países vizinhos como Líbano, Síria e Iraque — todos com histórico de instabilidade e de diáspora —, é provável que o fluxo migratório global aumente. O Brasil, por tradição diplomática e política de acolhimento humanitário, poderá novamente ser

destino de parte dessas populações, o que exigirá atenção do governo federal, estados e municípios em áreas como saúde, documentação, abrigo e inserção social.

Por fim, o cenário atual reforça a instabilidade global em um momento já marcado por guerras ativas (como na Ucrânia), disputas comerciais entre grandes potências e crise climática. Para países como o Brasil, que buscam estabilidade para crescer internamente, qualquer faísca internacional se transforma em fumaça econômica, política e social em curto prazo.

Com o “mundo em alerta”, como definem diversos jornais internacionais, a crise entre Israel e Irã não é apenas uma disputa regional, mas sim uma ameaça concreta à segurança coletiva, ao comércio global e ao cotidiano de nações que, mesmo distantes geograficamente, estão ligadas pelas consequências diretas de um mundo cada vez mais interdependente.




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