A decisão do
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre
produtos brasileiros gerou ampla repercussão internacional e vem sendo tratada
pela imprensa estrangeira como uma medida de forte caráter político, com
consequências econômicas imediatas para os dois países. O tema dominou os
noticiários internacionais nesta semana, especialmente após a divulgação da
carta enviada por Trump ao presidente Lula, em que o líder norte-americano
afirma que a tarifa é uma resposta à “perseguição judicial” contra o
ex-presidente Jair Bolsonaro e à suposta censura de plataformas americanas pelo
Supremo Tribunal Federal. A mídia global classifica a atitude como um movimento
inédito de retaliação diplomática travestido de medida comercial.
Veículos
como Reuters, The Guardian, Politico, ABC Australia, MarketWatch e Wall Street
Journal apontam que a sanção tarifária representa uma quebra das normas do
comércio internacional ao ser motivada por fatores políticos e ideológicos.
Segundo a Reuters, os mercados brasileiros reagiram imediatamente com queda do
real, recuo de até 8% nas ações da Embraer e desvalorização de papéis ligados a
bancos e empresas exportadoras. O ETF iShares MSCI Brazil (EWZ), que reúne os
principais ativos brasileiros negociados em bolsa americana, também caiu,
refletindo o temor dos investidores.
O impacto
nas exportações brasileiras é direto e imediato. Produtos como carne bovina,
café, aço, suco de laranja e celulose — principais itens da pauta de exportação
brasileira aos EUA — serão atingidos em cheio. A Reuters destacou que o preço
dos hambúrgueres deve subir nos Estados Unidos, já que o Brasil é um dos
maiores fornecedores de carne bovina do país. A cadeia Starbucks e outras redes
que dependem de grãos brasileiros devem enfrentar aumento de custos de até 0,8%
no EBITDA, segundo análise publicada pela Barron’s. Já o MarketWatch observou
que os preços do café e do suco de laranja subiram entre 1% e 6% nos contratos
futuros, com previsão de repasse direto ao consumidor americano.
Do ponto de
vista geopolítico, o The Guardian alertou que a carta de Trump representa uma
intromissão na soberania judicial do Brasil e uma sinalização perigosa de que o
presidente americano estaria disposto a utilizar tarifas comerciais como armas
políticas. O Politico lembrou que a frustração de Trump com o governo Lula
aumentou após o último encontro dos BRICS, no Rio de Janeiro, e que a
retaliação tarifária foi considerada por assessores como mais rápida e
“popular” entre sua base eleitoral do que sanções formais. A ABC Australia, por
sua vez, destacou que a medida pode abrir espaço para que produtores de carne
da Austrália ganhem mercado nos EUA, assumindo parte do vácuo deixado pelo
Brasil.
O presidente
Lula, segundo a Reuters, tenta construir uma resposta diplomática, mas já
declarou que o Brasil aplicará tarifa equivalente caso o governo
norte-americano mantenha a medida. A Embaixada do Brasil em Washington emitiu
nota classificando a sanção como “injustificada, arbitrária e atentatória aos
princípios do comércio multilateral”. Líderes da União Europeia, segundo o El
País, demonstraram preocupação com o uso recorrente de tarifas unilaterais
pelos EUA, especialmente em contextos de motivações políticas.
Em resumo, a
decisão de Trump gerou críticas generalizadas, abalou os mercados, pressionou
cadeias de abastecimento e reacendeu o debate sobre o uso abusivo de tarifas
como ferramenta de política externa. Enquanto isso, o Brasil se vê obrigado a
equilibrar a resposta firme à agressão diplomática sem agravar ainda mais a
relação comercial com seu segundo maior parceiro econômico.
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