Aneel aprova aumento de 42,8% na taxa
extra para a conta de luz a partir de novembro
Bandeira vermelha no patamar 2 passará de R$ 3,50 para R$ 5
A Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) aprovou, nesta terça-feira, um aumento de 42,8% no
valor cobrado pela bandeira vermelha no patamar 2. A taxa extra na conta de luz
cobrada nesse caso sairá de R$ 3,50 para R$ 5 a cada 100 kilowatts-hora consumidos.
A decisão já valerá para o mês de novembro, quando essa bandeira deve continuar
em vigor.
A decisão da agência
de energia elétrica foi tomada diante do baixo nível dos reservatórios, que
estão em patamares mais baixos que o registrado durante o racionamento de 2001.
Como O GLOBO mostrou na edição desta terça-feira, o uso de usinas térmicas
afasta o risco de racionamento, mas deixa a conta de luz mais cara. A Aneel
também alterou o valor de outros patamares de bandeiras tarifárias.
A bandeira tarifária
amarela passará de R$ 2 para R$ 1 cobrado a cada 100 kilowatts-hora consumidos.
A bandeira vermelha patamar 1 continuará em R$ 3. Quando a bandeira verde está
em vigor, não há taxa extra nas tarifas de energia elétrica.
A proposta passe a
valer imediatamente para dar estabilidade à bandeira de novembro — disse o
diretor da Aneel Tiago Correia.
A decisão da Aneel
ainda passará por audiência pública. Em seguida, os diretores da agência
voltarão a se reunir para tomar uma decisão final sobre o assunto, podendo
alterar aspectos técnicos da proposta.
SALDO
NEGATIVO É DE R$ 1,7 BILHÃO
O saldo negativo da
conta das bandeiras tarifárias hoje está em R$ 1,7 bilhão, segundo a Aneel. No
início de todos os anos, a Aneel muda o preço das bandeiras. Dessa vez, a
agência foi preciso antecipar já para novembro o aumento por conta da situação
dos reservatórios.
— Colocamos em
vigência a partir de novembro dado a situação severa dos reservatórios.
Esperamos que venham chuvas, porque o sinal que se temos é que dificilmente
sairemos da vermelha patamar dois em novembro. A situação hídrica é, de fato,
crítica. Estamos indo para o quarto ano consecutivo de nível de armazenamento
em baixa — disse o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino.
Mesmo com o nível das
barragens lá em baixo, o governo garante que não há risco de racionamento.
— Não há risco de
desabastecimento, temos outras fontes de geração de energia. Mas cada vez mais
temos que acionar usinas caras — disse o diretor da Aneel.
A mudança na forma de
acionar a bandeira dará menos volatilidade ao modelo, agora mais fiel ao nível
de armazenamento, ressaltou Rufino.
SISTEMA
REPÕE GASTOS EXTRAS COM TERMELÉTRICAS
O sistema de bandeiras
tarifárias foi criado em 2015 pela Aneel como forma de recompor os gastos
extras com a utilização de energia gerada por meio de usinas termelétricas, que
é mais cara do que a de hidrelétricas. A cor da bandeira é impressa na conta de
luz (vermelha, amarela ou verde) e indica o custo da energia em função das
condições de geração de eletricidade.
Quando chove menos,
por exemplo, os reservatórios das hidrelétricas ficam mais vazios e é preciso
acionar mais termelétricas para garantir o suprimento de energia no país. Nesse
caso, a bandeira fica amarela ou vermelha, de acordo com o custo de operação
das termelétricas acionadas. É o que está ocorrendo neste ano, quando os níveis
dos reservatórios das hidrelétricas de todo o país registram baixas históricas.
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Para fazer a mudança,
a Aneel argumenta que a conta das bandeiras em 2017 está deficitária. Ou seja,
o valor arrecadado com o sistema, que aplica uma taxa extra nas contas de luz,
não está sendo suficiente para cobrir a alta no custo da geração de energia
provocada pelo uso mais intenso das termelétricas. Por isso, a decisão de
aumentar o preço das bandeiras já em novembro. Normalmente, a revisão desse
mecanismo ocorre no início de cada ano.
Além de aumentar a
taxa extra das bandeiras, a Aneel fez uma mudanças na forma como esse sistema é
acionado. Atualmente, o acionamento de cada bandeira é muito sensível aos
preços no curto prazo e à previsão das chuvas para as semanas seguintes.
O problema é, quando
chove menos que o previsto, o sistema fica “descalibrado”, recolhendo menos que
o necessário bancar o custo das usinas térmicas mais cara e enviando ao
consumidor um sinal errado sobre a situação do setor. Agora, a Aneel vai deixar
o modelo das bandeiras tarifárias mais suscetível ao nível dos reservatórios —
que levam o governo a acionar mais térmica.
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