Médium
está internado em hospital de Goiânia, mas STJ determinou que ele volte para
prisão. Ele sempre negou os crimes e defesa informou que vai recorrer da
decisão no STF.
O
Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) ofereceu nova denúncia por crimes
sexuais contra o médium João de Deus, de 77 anos. Segundo o órgão, ele está
sendo denunciado por violação sexual mediante fraude contra dez pessoas. Ele
segue internado em hospital de Goiânia na manhã desta quarta-feira (5), mesmo
após decisão do STJ determinar que ele volte para prisão.
A
defesa do médium, informou que até as 9h10 desta quarta-feira não tinha
conhecimento sobre a nova denúncia. Sobre a decisão de mandar o cliente de
volta para a cadeia, os advogados disseram que vão recorrer ao Supremo Tribunal
Federal (STF).
De
acordo com a denúncia, os abusos ocorreram na Casa Dom Inácio de Loyola, onde o
médium fazia atendimentos espirituais. Consta no processo que as vítimas
relataram que foram abusadas na chamada "Sala da Entidade", com
dezenas de pessoas que, segundo o MP, eram instruídas a ficar de cabeça baixa e
olhos fechados durante todo o tempo, em oração - se abrissem os olhos eram
convidadas a se retirar.
De
acordo com os promotores da força-tarefa que investiga os crimes de João de
Deus, os funcionários ficavam de olhos abertos e sabiam o que acontecia dentro
da sala.
"Uma das vitimas,
depois de passar por essa situação, foi ate um funcionário para relatar o que
tinha ocorrido. Ele disse que isso era comum, normal, que não tinha nada de
sexual no ato, que era algo assexuado", explicou a promotora Ariane
Patrícia Gonçalves.
O
MP-GO informou ainda que essa é a denúncia com maior número de vítimas. Elas
são todas mulheres, entre 20 e 35 anos, do Distrito Federal, de São Paulo e do
Paraná. Os abusos, conforme a denúncia, aconteceram entre 2015 e 2018. Ainda
segundo o processo, outras cinco mulheres atuam como testemunhas, porque também
denunciaram abusos, mas que já prescreveram.
Os
promotores também investigam os funcionários e voluntários da Casa.
"Funcionários não somente tinham conhecimento dos fatos, como também
contribuíam para viabilizar os delitos e impedir que as vitimas denunciassem,
fazendo com que elas duvidassem do que tinha acontecido", completou
Ariane.
“Havia
uma estrutura de apoio montada, uma rede de proteção para viabilizar a prática
desses delitos. Funcionários, voluntários, e até donos de pousadas da região
sabiam o que acontecia e não reagiam, além de fazer com que as vítimas
acreditassem que não eram abusos, mantendo-as em estado de dúvida para não
denunciar o médium”, afirmou o promotor Augusto Cesar Souza.
Ainda
segundo o promotor, o MP quer identificar esses funcionários, de que forma
contribuíam aos crimes e a parcela de culpa de cada um.
O
médium é réu em outros oito processos por: crimes sexuais, posse ilegal de arma
e falsidade ideológica. Ele sempre negou as acusações.
João
de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro de 2018. No dia 22 de março deste
ano, a Justiça autorizou que ele fosse transferido para o Instituto de
Neurologia de Goiânia, atendendo a pedido da defesa, que alegava risco à vida
do médium em razão do seu estado de saúde.
Andamentos das denúncias
O
Ministério Público denunciou o médium dez vezes, das quais duas ainda não foram
analisadas pela Justiça. Ele é réu nas outras oito, que foram aceitas. Elas
são:
·
Quatro por crimes
sexuais: dois deles já tiveram audiência realizada e outros dois estão com
audiência marcada;
·
Um por crimes
sexuais, corrupção de testemunha e coação: ainda não teve audiência;
·
Um por crimes sexuais
e falsidade ideológica: atualmente está em fase de citação (comunicação ao
réu);
·
Dois por posse ilegal
de armas de fogo e munição: um já teve audiência realizada. O TJ não deu
detalhes sobre o outro caso.
Comentários
Postar um comentário
Olá, agradecemos a sua mensagem. Acaso você não receba nenhuma resposta nos próximos 5 minutos, pedimos para que entre em contato conosco através do WhatsApp (19) 99153 0445. Gean Mendes...