Governo fechou acordo com PT
para que o texto não precise passar pelo plenário e siga direto para o Senado.
Isso é possível porque o projeto tem caráter conclusivo.
Conteúdo: ‘G1’
A
comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a reforma da Previdência
dos militares aprovou nesta quarta-feira (23) o texto-base do projeto de lei
que altera as regras de aposentadoria dos integrantes das Forças Armadas,
policiais militares e bombeiros. O texto também trata da reestruturação das
carreiras militares.
Para
concluir a votação na comissão, os parlamentares ainda precisarão analisar
alguns destaques (sugestões de alteração do texto), o que deve ocorrer somente
semana que vem.
O
projeto tem caráter conclusivo na comissão. Isso significa que o texto poderá
seguir direto para o Senado, sem precisar passar pelo plenário da Câmara.
O
PT era um dos partidos que pretendiam recorrer para levar a votação ao
plenário.
No
entanto, em um acordo costurado pelo líder do governo na Câmara, Vitor Hugo
(PSL-GO), os parlamentares petistas concordaram em desistir do recurso em troca
de o relator, Vinícius Carvalho (Republicanos-SP), acolher uma mudança sugerida
por eles.
A
negociação envolveu a retirada de um bônus de 10% concedido aos generais quando
passam para a inativa e a inclusão da concessão de 10% de aumento aos militares
que ocuparem postos de comando.
O
PSOL chegou a anunciar a intenção de entrar com recurso, mas, sozinho, o partido
não tem número suficiente para apresentar o pedido – são necessárias ao menos
51 assinaturas.
A
bancada do PSOL tem dez deputados, mas parlamentares de outros partidos, como
PSB, já sinalizaram que trabalharão para conseguir apresentar o recurso.
O
recurso teria que ser apresentado à Mesa Diretora da Câmara, que encaminharia o
pedido para votação em plenário.
Mudanças
A
fim de garantir a votação nesta quarta, o relator fez algumas mudanças de
última hora no seu texto.
Além
da alteração acordada com o PT, foi retirada do texto uma palavra que, na
avaliação de alguns deputados, poderia impactar direitos adquiridos pelas
forças de segurança nos estados.
Na
terça-feira (22), Vinícius Carvalho já tinha feito outras modificações,
incluindo uma que permite que estados e União definam, por lei ordinária,
alíquotas previdenciárias para as categorias a partir de 2025.
A
mudança foi feita após pressão de governadores. Segundo o relator, a
possibilidade de a União também definir novas alíquotas foi incluída para haver
simetria com os estados.
O projeto
A
versão original do projeto foi apresentada em março pelo governo federal e
dizia respeito apenas às Forças Armadas. Após pressões das categorias,
policiais militares e bombeiros estaduais também foram incluídos nas regras.
Além
de tratar da aposentadoria, o projeto de lei reestrutura a carreira dos
militares. A reestruturação deve custar R$ 86,85 bilhões aos cofres públicos, o
que reduzirá a economia prevista com a reforma da Previdência dos militares,
estimada em R$ 97,3 bilhões em dez anos.
Assim,
a economia real esperada com o projeto é de R$ 10,4 bilhões em dez anos e de R$
33 bilhões em vinte anos.
Em
relação aos policiais e bombeiros, o relator apresentou estimativa do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que indica que, em dez anos, a economia
será de R$ 29 bilhões e de R$ 91 bilhões, em vinte anos.
Entenda outros pontos do projeto:
·
transferência para
reserva remunerada: aumento do tempo para o militar passar para a reserva (de
30 para 35 anos na ativa);
·
aumento gradual da
alíquota previdenciária de 7,5% para 10,5%. Com o novo relatório, estados e
União poderão mudar a alíquota por lei ordinária a partir de 2025;
·
taxação de 10,5% nas
pensões recebidas por familiares de militares;
·
pensionistas, cabos e
soldados, ativos e inativos, vão contribuir também com 3,5% para o fundo de
saúde;
·
com a mudança, em
2022, a alíquota dos três grupos citados acima pode chegar a 14% (3,5% do fundo
de saúde + 10,5% do sistema de proteção social);
·
alunos de escolas de
formação estarão isentos da alíquota do fundo de saúde;
·
ajuste dos limites de
idade para a transferência para a reserva: de 44 a 66 anos (de acordo com o
posto ou graduação) para o período de 50 a 70 anos;
·
redução do número de
categorias que podem ser enquadradas como dependentes dos militares;
·
redução do efetivo de
militares em 10% em 10 anos. Atualmente, o efetivo é de 55% de militares
temporários e de 45% de carreira;
·
criação do Adicional
de Disponibilidade Militar. A gratificação corresponde a um percentual
incidente sobre o soldo de oficiais e praças, pago mensalmente a partir de
2020. O percentual varia de acordo com a patente e pode chegar a 32%, no caso
de coronéis e subtenentes;
·
mudança nas regras do
Adicional de Habilitação, parcela mensal paga para militares que realizam
cursos de capacitação e aperfeiçoamento. O adicional já existe atualmente e a
intenção é fazer a reestruturação em 4 anos;
·
aumento da
indenização que o militar recebe quando vai à reserva – chamada de Ajuda de
Custo. A ajuda de custo passa de 4 para 8 vezes o valor da remuneração e é paga
uma única vez.
Comentários
Postar um comentário
Olá, agradecemos a sua mensagem. Acaso você não receba nenhuma resposta nos próximos 5 minutos, pedimos para que entre em contato conosco através do WhatsApp (19) 99153 0445. Gean Mendes...