Senadores rejeitaram os três
destaques que estavam em análise na sessão desta quarta-feira (2). Agora,
reforma da Previdência precisa passar por votação em segundo turno no Senado.
Conteúdo: ‘G1’
O Senado concluiu nesta
quarta-feira (2) o primeiro turno da votação da reforma da Previdência. Os
senadores rejeitaram os três destaques (sugestões de mudança) que estavam em
análise (veja detalhes mais abaixo).
O texto-base já havia sido
aprovado na noite da terça-feira (1º). Por se tratar de uma proposta de emenda
à Constituição (PEC), o texto ainda precisa passar por mais uma votação em
plenário, o segundo turno. Para a reforma ser aprovada, deve contar com a
aprovação de pelo menos 49 dos 81 senadores.
O presidente do Senado, Davi
Alcolumbre (DEM-AP), marcou a primeira sessão de discussão do segundo turno
para esta quinta-feira (3). Devem ser feitas três sessões de discussões antes
da votação.
Os destaques eram uma
preocupação para o governo, uma vez que poderiam prejudicar a economia prevista
para a União com a reforma – atualmente de R$ 800 bilhões em dez anos.
Segundo uma estimativa da
equipe econômica repassada pelo líder do PSL, senador Major Olímpio (PSL-SP),
os destaques rejeitados nesta quarta-feira poderiam reduzir a economia em R$
201,3 bilhões em dez anos.
Outros três destaques foram
retirados pelos partidos que os apresentaram e, portanto, nem chegaram a ser
votados pelos senadores. Essas modificações teriam impacto de mais R$ 274,7
bilhões.
Para o relator da
Previdência no Senado, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o resultado da
votação não foi "ótimo", mas foi "muito bom".
"Alcançamos um
resultado muito bom. não é um resultado ótimo, mas como diz o ditado, o ótimo é
inimigo do bom", afirmou Tasso.
Perda de R$ 76,4 bilhões
Na madrugada desta
quarta-feira, após a votação em primeiro turno do texto-base da proposta, os
senadores aprovaram uma alteração sobre abono salarial que reduziu em R$ 76,4
bilhões a previsão de economia em dez anos com a reforma.
Atualmente, o abono é pago
uma vez ao ano para quem recebe até dois salários mínimos (R$ 1.996,00). O
texto aprovado pela Câmara previa que o pagamento do abono salarial ficaria
restrito aos trabalhadores de baixa renda, que ganham até R$ 1.364,43, porém
essa limitação foi derrubada com o destaque.
Fica valendo, então, a lei
vigente. Atualmente, o abono é pago uma vez ao ano para quem recebe até dois
salários mínimos (R$ 1.996,00).
Com a derrota para o
governo, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), pediu
a suspensão da sessão para que fosse retomada de forma extraordinária na manhã
desta quarta – a sessão, porém, só começou no início da tarde.
Veja os destaques rejeitados pelos senadores
Idade mínima para mulheres:
Um destaque apresentado pelo PDT visava manter a idade mínima para
aposentadoria das mulheres em 60 anos. De acordo com a PEC, a idade mínima para
mulheres começa em 60 anos, mas, a partir de 2020, é acrescida de seis meses a
cada ano, até chegar a 62 anos em 2023. A estimativa do governo é que a perda
com esse destaque seria de R$ 36,9 bilhões em dez anos. Os senadores rejeitaram
o destaque por 54 votos a 18.
Pensão por morte: o PT
apresentou destaque para votar em separado o artigo que trata sobre a pensão
por morte. A proposta do partido é manter o benefício de forma integral, como é
hoje. Pelo texto-base da PEC, o benefício de 50% do valor da aposentadoria
recebida pelo segurado ou servidor, mais 10% por dependente, até o limite de
100% para cinco ou mais dependentes. O destaque traria um impacto de R$ 106,8
bilhões, de acordo com o governo.
Aposentadoria especial:
Inicialmente apresentado pelo PROS, mas assumido pela Rede, o destaque é para
votação em separado trecho que estabelece as idades mínimas para aposentadoria
especial em casos de atividades com efetiva exposição a agentes nocivos à
saúde. O impacto poderia chegar a R$ 57,6 bilhões, segundo o governo.
Destaques retirados pelos partidos
Cálculo de benefícios
previdenciários: a Rede havia apresentado destaque para votar separadamente o
cálculo dos benefícios previdenciários pela média dos salários de contribuição
– descartando os 20% menores salários de contribuição, como é hoje. O texto-base
estabelece que o valor do benefício será uma média de todas as contribuições
dos trabalhadores. O impacto seria de R$ 193 bilhões. Contudo, com a retirada
do destaque feito pelo PROS, a Rede decidiu se apropriar do seu conteúdo e
abrir mão de sua sugestão sobre cálculo de benefícios previdenciários.
Anistiados políticos: o MDB
havia sugerido uma emenda para trazer de volta o trecho apresentado pelo
governo sobre contribuição previdenciária de anistiados políticos, além de
proibir o acúmulo de benefícios para essa categoria. Se aprovada, essa medida
renderia R$ 1 bilhão a mais de economia.
Pedágio: o Podemos havia
apresentado destaque para retirar o pedágio de 100% sobre o tempo que falta na
transição de aposentadoria com idade mínima de 57 anos, para mulheres, e 60
anos, para homens. Na PEC, trabalhadores do setor privado e do setor público
terão que cumprir essa idade mínima, além de um "pedágio" equivalente
ao mesmo número de anos que faltar para cumprir o tempo mínimo de contribuição
(30 anos se mulher e 35 anos se homem) na data em que a PEC entrar em vigor. O
impacto seria, segundo o governo, de R$ 81,7 bilhões.
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