Em leilão sem disputa,
apenas 2 dos 4 blocos foram arrematados. Petrobras levou o maior bloco em
consórcio formado com empresas chinesas e arrematou outro sozinha.
Conteúdo: 'G1'
O megaleilão do pré-sal,
realizado nesta quarta-feira (7), garantiu uma arrecadação de R$ 69,96 bilhões.
O leilão foi marcado pela falta de disputa e pelo protagonismo da Petrobras.
Das 4 áreas oferecidas na Rodada de Licitações do Excedente da Cessão Onerosa,
duas foram arrematadas e duas não atraíram interessados.
Se todos os blocos fossem
arrematados, a arrecadação chegaria a R$ 106,5 bilhões. Apesar da frustração de
expectativas, trata-se do maior valor já levantado no mundo em um leilão do
setor de petróleo, em termos de pagamento de bônus de assinatura (o valor que
as empresas pagam pe lo direito de exploração).
A ANP já tinha admitido a
possibilidade de nem todas as 4 áreas atraírem interessados, destacando que
isso é comum em leilões do setor. O ministro de Minas e Energia, Bento
Albuquerque, avaliou na véspera que somente a venda de Búzios e Itapu já
tornaria o leilão um sucesso.
Com a arrecadação extra
obtida com o leilão, o governo espera não só acelerar a exploração de petróleo
no país, mas também usar os recursos para oferecer um alívio nas contas
públicas e também aos cofres e estados e municípios.
Embora 14 empresas tenham
sido habilitadas para participar da disputa, o leilão foi marcado pela falta de
interesse e desistência das grandes petroleiras estrangeiras.
Os blocos de Búzio e e Itapu
foram arrematados com oferta única. Também não houve ágio, já que o bônus é
fixo e a Petrobras ofereceu apenas o mínimo exigido do óleo excedente.
Petrobras leva 2 blocos com oferta única
A arrecadação de
praticamente R$ 70 bilhões foi garantida pela Petrobras, que levou os dois
blocos em que já havia exercido o direito de preferência, garantido por lei. O
de Búzios, o maior de todos, foi arrematado em consórcio formado com as
chinesas CNODC Brasil (5%) e CNOOC Petroleum (5%). Já o bloco de Itapu será
100% da Petrobras, que levou a área sozinha, sem sócios, também com oferta
única e sem ágio.
Os blocos de Sépia e de
Atapu não tiveram interessados.
Apesar do menor risco
exploratório, o preço fixado pelo governo foi considerado "caro" por
algumas petroleiras. Isso porque, além do bônus de assinatura, as empresas
também teriam de fazer acordos de coparticipação com a Petrobras a título de
ressarcimento pelos investimentos já feitos na área pela estatal.
O leilão foi classificado
pelo governo de "histórico" e de "maior evento fiscal de
2019", que permitirá não só a União, mas também estados e municípios,
"caminharem rumo ao equilíbrio das contas públicas".
O diretor-geral da ANP,
Décio Oddone, destacou que a arrecadação superou a soma de "todos os
outros leilões" já realizadas no país desde a abertura do setor, no final
dos anos 90. Questionado sobre a falta de ágio, a ausência de concorrência e a
venda de apenas dois dos dois blocos, ele disse que o megaleilão “foi um
sucesso porque foi o maior leilão já realizado”.
Até então, a maior
arrecadação no país com um leilão na área de petróleo foi a da 16ª Rodada da
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizada em
10 de outubro, que garantiu à União R$ 8,915 bilhões.
O ministro Bento Albuquerque
destacou que, no ano, a arrecadação com bônus de assinatura com leilões no
setor soma R$ 79 bilhões. Ele afirmou que, no mundo, se gasta por ano R$ 220
bilhões com petróleo.
Como o dinheiro será
dividido?
Dos recursos arrecadados,
uma parcela fixa de R$ 34,6 bilhões será paga à Petrobras, como parte da
revisão do contrato de exploração na área. O valor restante será dividido da
seguinte forma:
- 15%: estados e Distrito Federal
- 15%: municípios
- 3%: estado do Rio de Janeiro, onde estão as jazidas
- O restante para a União
Caso todas as área tivessem
sido arrematadas, estados teriam direito, assim, a R$ 10,8 bilhões – e
municípios a uma parcela igual. Com o 'encalhe' das áreas, os estados vão
dividir cerca de R$ 5,3 bilhões, e os municípios uma fatia equivalente.
O que é cessão onerosa?
"Cessão onerosa" é
o nome que foi dado ao contrato de exploração de petróleo em uma área do
pré-sal, na região marítima da Bacia de Santos, em 2010.
Por lei, todo o petróleo que
existe no subsolo é da União. Em 2010, o governo cedeu à Petrobras o direito de
produzir 5 bilhões de barris em áreas do pré-sal. No entanto, mais tarde
descobriu-se que a área tinha até o triplo desse volume a ser explorado. Esse
petróleo "extra" é o que está sendo leiloado agora pela ANP.
A ANP estima que existam
entre 6 bilhões e 15 bilhões de barris de óleo equivalente excedente na área –
praticamente o triplo dos 5 bilhões de barris originais concedidos na área à
Petrobras em 2010 e equivalentes ao dobro das reservas atuais da Noruega (7,7
bilhões de barris) e do México (7,2 bilhões de barris).
Analistas compararam o
leilão do excedente cessão onerosa a uma operação de aquisição de uma
petroleira de médio porte. Foi um leilão bem atípico não só pelo valor mas
também porque foram ofertadas áreas com reservas de petróleo já conhecidas e
prontas para serem exploradas.
A cessão onerosa foi
assinada como parte do processo de capitalização da Petrobras, quando a empresa
levantou cerca de R$ 120 bilhões, em 2010.
A área da cessão onerosa é
uma zona de aproximadamente 2,8 mil km² ao largo da costa sudeste do Brasil,
situada entre 175 km e 375 km ao sul da cidade do Rio de Janeiro. A área total
dos quatro campos ofertados no leilão é de 1.385 km². A maior área é a de
Búzios, com 852,21 km², e com a maior concentração de petróleo.
A Petrobras já mantém
plataformas na área da cessão onerosa. Em setembro, a produção na área da
cessão onerosa foi de 478 mil barris de petróleo e gás por dia. O campo de
Búzios já é o segundo maior em produção de petróleo no Brasil.
Até agora, a Petrobras
extraiu 120,9 milhões de barris na região, o equivalente a apenas 2,42% dos 5
bilhões de barris a que tem direito, segundo dados da ANP.
Impactos na produção e na
economia
A avaliação do governo é que
os leilões realizados neste ano são suficientes para alavancar os investimentos
na exploração e produção de gás no país.
Com o aumento da exploração
na área do pré-sal, o governo prevê que a produção de petróleo e gás poderá
dobrar na próxima década, o que colocará o Brasil entre os cinco maiores
produtores do mundo. Hoje, está na 10ª posição.
Depois de praticamente cinco
anos de estagnação, a produção de petróleo e gás voltou a entrar em trajetória
de crescimento em 2019 e está próxima de romper o patamar de 3 milhões de
barris diários, segundo dados da ANP. Em agosto, atingiu 2,989 milhões de
barris, novo recorde mensal.
A ANP estima que até 2030 a
produção possa chegar a 7,5 milhões de barris por dia, com o número de
plataformas em operação saltando de 106 para 170.
O governo estima que a
exploração do volume excedente da cessão onerosa irá gerar cerca de R$ 1
trilhão em receitas à União, incluindo bônus de assinatura, royalties, receita
de comercialização do óleo da União e tributos, ao longo da vigência dos
contratos.
A ANP prevê que o valor
repassado pelas petroleiras ao governo também poderá mais que dobrar na próxima
década, subindo do patamar atual de cerca de R$ 60 bilhões por ano para R$ 300
bilhões até 2030.
A agência estima também
investimentos de mais de R$ 1,5 trilhão no setor de óleo e gás em 35 anos.
O IBP avaliou que as duas
áreas arrematadas no leilão desta quarta "têm o potencial de gerar
investimentos de mais de R$ 200 bilhões ao longo de seu desenvolvimento e irão
se traduzir em tributos, empregos e geração de renda a médio e longo prazos no
país".
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