Após leve queda, média dos novos casos por Covid-19 registrada por dia volta a subir na cidade de SP e puxa estatísticas do estado
16 de junho - Vista do Cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, em meio à pandemia do coronavírus (Covid-19) — Foto: Marcello Zambrana/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo
Por Patrícia Figueiredo, G1 SP — São Paulo
Casos de Covid-19 voltaram a crescer na capital, abandonando a estabilidade conquistada no início de junho. Alta na cidade mais populosa 'puxa' indicadores do estado para cima, afirma pesquisador.
A média de novos casos de Covid-19 registrados voltou a subir na cidade de São Paulo, abandonando as tendências de estabilidade e, posteriormente, de leve queda verificadas no início de junho. Nesta semana o total de casos bateu recorde em um dia e o de mortes confirmadas em 24h no estado todo foi recorde por dois dias seguidos.
Os casos confirmados a cada dia na capital paulista estão em alta desde o último domingo (14 de junho), mostram os dados do Ministério da Saúde enviados pelo governo estadual. A tendência é a de que o aumento nos casos se agrave nos próximos dias, já que nesta quarta (17) e quinta (18), devido a problemas no sistema de notificação do Ministério da Saúde, o estado de São Paulo não contabilizou todos os casos registrados. A expectativa do governo estadual é incluir os casos da quarta e da quinta-feira no sistema do ministério quando a plataforma voltar a funcionar corretamente.
Questionado sobre a falha durante coletiva de imprensa realizada em Brasília, o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia, afirmou que recomendou aos representantes do estado de SP que extraíssem os dados de outra maneira. "Como qualquer sistema de informação, temos momentos de instabilidade. Mas a segurança dos dados está devidamente garantida", disse.
Causas do aumento
Ainda não é possível afirmar que o aumento se deve às medidas de reabertura da economia que, na capital, começaram no dia 5 de junho, com a liberação de concessionárias e escritórios. Isto porque o tempo de incubação do novo coronavírus é de até 14 dias e, portanto, boa parte dos novos casos confirmados a partir de 15 de junho corresponde a infecções que ocorreram antes da reabertura do comércio.
Especialistas lembram ainda que as notificações da doença ocorrem com atraso em relação aos primeiros sintomas, assim como os registros de morte pelo vírus costumam ser confirmados após a data do óbito. Por isso, casos confirmados e mortes registradas a partir do dia 15 podem ser ainda mais antigos.
Nesta terça-feira, quando o número de mortes por Covid-19 em SP bateu recorde, o coordenador-executivo do comitê de saúde do estado disse que os dados não refletem, ainda, as medidas de relaxamento da quarentena porque "o número de óbitos é alterado por alguma coisa que aconteceu há 20 dias, há 30 dias atrás", e não há uma semana.
"À medida que novos municípios aumentam o número de casos, e isso está acontecendo no interior do estado, há uma tendência nesta elevação no total. O número de óbitos não reflete alguma mudança de atitude que tenha acontecido na semana passada", completou João Gabbardo.
Evolução nos critérios do Plano SP
O governo estadual utiliza cinco critérios de saúde para decidir relaxar ou endurecer a quarentena em cada região. Entre os critérios estão mortes e casos confirmados de Covid-19. Cada item tem um peso na conta final para a classificação entre as fases:
1- Taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19;
2- Proporção de leitos UTI Covid-19 a cada 100 mil habitantes;
3- Variação no número de casos confirmados da doença os últimos 7 dias;
4- Variação no número de novas internações nos últimos 7 dias;
5- Variação no número de mortes confirmadas nos últimos 7 dias;
Inicialmente, a divisão do estado foi feita com base nas 17 Divisões Regionais de Saúde (DRS). A capital, no entanto, desde o início do anúncio do plano ficou de fora da DRS da Grande São Paulo, o que gerou críticas pela antecipação da possibilidade de flexibilização antes das demais cidades.
Na época, a principal justificativa do governo estadual para a classificação diferente foi a taxa de ocupação de leitos de UTI e a disponibilidade de leitos para 100 mil habitantes, que apresentava índices melhores na capital que nas outras cidades.
Após pressão de prefeitos, a gestão estadual concordou em subdividir a DRS da Grande São Paulo em outras 5 microrregiões além da capital, para que os locais que apresentassem melhores índices também pudessem avançar nas fases de reabertura.