Além de render mais, o novo padrão imposto pela Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP) deve dar mais longevidade aos automóveis, diminuindo os custos com manutenção e reposição de peças. A Petrobras informou que não estipula o custo ao consumidor e diz que é responsável “por apenas 28% do preço final da gasolina nos postos de serviço”. Segundo a estatal, a maior parte do valor é composta por impostos, o preço do etanol misturado no combustível e a margem de lucro das distribuidoras e revendedoras. A conta também leva em consideração a cotação do barril de petróleo no mercado internacional, o custo de transporte e a variação do câmbio.
Um levantamento feito pela Argus Media, organização internacional de estudo e análise do comércio de commodities, mostra que o litro da nova gasolina era negociado no iníco deste mês cerca de R$ 0,06 mais caro em relação à gasolina atual. Uma pesquisa realizada em junho com refinarias dos EUA e distribuidoras brasileiras apontou uma estimativa de aumento entre R$ 0,06 a R$ 0,10, por litro na importação. “O aumento acontece porque a nova especificação usa componentes mais caros no mercado internacional para atingir os padrões técnicos”, afirma Amance Boutin, especialista de combustíveis para o mercado brasileiro da Argus.
O que muda na nova gasolina
A nova composição da gasolina foi anunciada pela ANP em janeiro deste ano, para entrar em vigor em agosto, e vale para todo o combustível produzido nas refinarias brasileiras ou importado. Será dado prazo adicional de 60 dias para as distribuidoras e de 90 dias para os revendedores se adequarem, permitindo o escoamento de possíveis produtos comercializados até o dia 2 de agosto ainda sem atender integralmente às novas características. “Essas mudanças são importantes, pois conferem ao combustível maior eficiência energética, melhorando a autonomia dos veículos pela diminuição de consumo, melhoria na dirigibilidade e viabilização da introdução de tecnologias de motores mais eficientes, com menores níveis de consumo e emissões”, informou o órgão. A resolução define uma massa mínima de 715 kg/m³, que até então não era regulamentada. “A massa mínima é a quantidade de energia no litro da gasolina. Ou seja, com essa massa maior, o carro fará mais quilômetros com o mesmo litro”, explica o engenheiro Everton Lopes, da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), entidade internacional para estudos da mobilidade.
A partir de agosto, a gasolina também passará a ter um parâmetro mínimo de 50% para a destilação. Segundo o engenheiro, a mudança trará uma melhora na queima do combustível, impactando em maior resposta do motor. “Isso dá mais segurança ao motorista. Imagine que você está em uma ultrapassagem e precisa acionar o pedal para ter mais velocidade. Essa maior combustão melhora a queima, e dá uma resposta mais rápida.” Por último, a ANP estipula que a gasolina tenha um octanagem mínima padronizada. O valor será de 92 pela metodologia RON a partir de 3 de agosto, e 93 em 1o de janeiro de 2022. Para a gasolina premium, o valor deve ser 97 já na mudança deste ano. “Essa octanagem garante um melhor desempenho dos motores mais modernos, e a facilita a introdução de novas tecnologias”, explica Lopes.
Além de melhorar o desempenho dos carros, a nova formulação do combustível fará com que eles sejam menos poluentes, diminuindo em até 4% a emissão do dióxido de carbono. A mudança será mais sentida nos veículos fabricados a partir de 2003, com configurações de motor e engenharia mais modernos. Os carros mais antigos têm motores que não exigem tanto, então não deverão ter tanta diferença na quilometragem como os mais novos.
*Com informações de Jovem Pan.