No dia 13 de dezembro, uma nova variante do coronavírus foi identificada no Reino Unido. O medo da transmissão e dos riscos da nova cepa, nomeada de B.1.1.7, fez com que o premiê Boris Johnson decretasse lockdown no último sábado e países suspendessem voos para a Inglaterra nesta semana. A principal preocupação da população mundial é qual o impacto a nova variante terá na produção de vacinas contra a Covid-19. A Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, já se manifestou afirmando que não existem evidências de que a variação cause uma infecção mais grave ou afete a eficácia dos imunizantes já desenvolvidos. “A mutação não é motivo de preocupação para a vacina, é motivo de preocupação a curto prazo por conta da transmissão da doença”, diz o doutor em virologia e professor adjunto da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Maurício Lacerda Nogueira.
O médico relembra que mutações são processos totalmente naturais e que todos os seres vivos passam por essa fase. “Faz parte do processo evolucionário. O vírus por si só já se multiplica de uma forma muito rápida, principalmente os vírus de RNA, que tem uma capacidade de mutação muito maior. Devido essa capacidade de mutação, novas populações de vírus aparecem o tempo todo. Dezenas diferentes já foram identificadas no Brasil”, esclarece Nogueira. “Esse evento em específico nada mais é do que a história natural da pandemia. O que está acontecendo é o que está previsto, está tudo funcionando do jeito que está previsto na literatura”, diz. “O aparecimento de novas cepas é um fenômeno natural com pouquíssimo impacto, se é que tem algum, nas vacinas. São mutações muito pontuais que não afetam a resposta dos nossos imunizantes. Então, isso não é motivo de preocupação para a vacina”. O professor ressalta que, apesar de cada vacina ter uma tecnologia diferente e ter suas vantagens e desvantagens, esse tipo de mutação pontual e considerada natural não afeta nenhum dos imunizantes desenvolvidos em um primeiro momento.
“Essa nova variante que surgiu na Inglaterra, ou que, pelo menos, foi detectado em maior proporção na Inglaterra, está associado a um aumento do número de casos. Mas essa é uma associação que soma os dois fenômenos ocorrendo ao mesmo tempo, não significa que um está causando o outro”, explica o virologista. “Nós não sabemos realmente se essa cepa é mais transmissível, isso não foi provado ainda. O fato é que, devido ao aumento do número de casos, o que é esperado numa época de inverno na Europa, a Inglaterra optou por tomar medidas drásticas, talvez usando o aparecimento da cepa como uma desculpa, um motivo acessório para se tomar essas medidas”, sugere Nogueira. Boris Johnson anunciou no último sábado, 19, novas restrições à circulação de pessoas em Londres e no sudeste do país, regiões onde a pandemia da Covid-19 tem se agravado. Sob as novas regras, que durarão cerca de duas semanas, o comércio não essencial e as academias terão que permanecer fechados. Além disso, as comemorações de Natal em Londres e na região sudeste estão canceladas. Depois do anúncio da nova cepa, pelo menos dez países da União Europeia fecharam suas fronteiras com o território britânico. Argentina, Colômbia, Chile e Peru também suspenderam voos para o Reino Unido. “Essas medidas eram já necessárias porque a epidemia está saindo de controle na Europa há tempos com uma segunda onda muito agressiva”, diz. Para o especialista, o aumento de casos no país pode ser consequência da nova cepa ou simplesmente um resultado das mudanças comportamentais da população britânica frente ao vírus.
*Com informações de Jovem Pan.
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