Com aumento excessivo da carne de boi, o brasileiro resolveu
trocar o cardápio, mirando em alimentos mais baratos como o frango, ovos e suínos, que viraram
opções mais em conta durante a pandemia. No entanto, agora, esses alimentos
podem ficar até 50% mais caros.
A alta foi confirmada pela Associação Brasileira de Proteína
Animal (ABPA). Para o economista do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), Jefferson Mariano, mais cedo ou mais tarde, os produtores
iriam repassar os custos para o consumidor.
“Em função
da carne vermelha, por exemplo, estar com preço elevado, parcela significativa
da população migrou para esses itens. Agora, a gente tem uma pressão sobre
esses itens. É claro que o dólar, a questão do câmbio, já não exerce uma
pressão tão grande, mas há um aumento significativo da ração, das matérias
primas, e isso acaba impactando essas cadeias”, explica.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal, que tem
143 associados, a alta do frango e do ovo vai acompanhar o aumento de custos de
produção em um acumulado de 12 meses.
O índice de custo de produção da Embrapa aumentou 52,3% em
junho para frangos e 47,53% para suínos. O custo com nutrição corresponde a 75%
de frangos e a 80,8% de suínos.
A alta é consequência do aumento dos preços do farelo de soja
e milho, principais componentes da alimentação dos animais. A estimativa da
produção da tonelada do milho é de perda nessa pandemia. Segundo dados do
Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea), o milho semiduro, por
exemplo, uma saca de 60 quilos, pode ter uma variação de até 61% em Recife e de
98,7% em Sorriso, no Mato Grosso.
As justificativas desta vez estão na seca e na estiagem. A
ração deve ficar mais cara por causa da colheita da safrinha, que acontece
agora no segundo semestre.
De acordo com os produtores, a geada e também a seca devem
provocar uma perda de três milhões de toneladas de grãos. Isso tudo na região
do Mato Grosso do Sul, onde estão os maiores produtores do país.
Jefferson Mariano lembra também outro fator importante a ser considerado na hora da divulgação da
pesquisa mensal. “Nós temos o índice de
preços, o IPCA e INPC, que é divulgada normalmente no início do mês, e depois
próximo do final do mês há a divulgação do IPCA 15, que é uma prévia da
inflação do mês corrente. É possível que o IPCA15, na próxima divulgação, esses
impactos já apareçam na prévia na inflação e na próxima divulgação teremos uma
situação mais crítica”, pontuou.
Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal informou
que as empresas vão repassar, de forma integral, esse aumento nos custos de
produção para o preço de frangos e suínos. E que o preço para o consumidor
final vai variar conforme os praticados pelas granjas, frigoríficos e mercados
em geral.
Com informações do repórter Maicon
Mendes/Jovem Pan
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