Isso porque, pela legislação brasileira, não adianta deixar
expresso em documento, ou mesmo registrado em cartório, o desejo de realizar a
doação de órgãos, pois a palavra final caberá sempre aos parentes, destacou o
ministro da Saúde substituto, Rodrigo Cruz. “É preciso conversar com a família
para que esteja ciente da sua vontade e que doe”, enfatizou.
De acordo com dados da pasta, em 2020, o índice de recusa à
doação de órgãos pela família ficou em 37,8% dos casos com morte encefálica
identificada, que é quando cessa a atividade cerebral do paciente – momento que
torna o quadro irreversível, mas que ainda permite a extração de órgãos e
tecidos em bom estado.
“Não
podemos trabalhar com profissionais que não tenham treinamento. É um serviço
muito técnico, que precisa de muita expertise”, ressaltou
a coordenadora. “É necessário que façamos um investimento massivo na educação
continuada”, reforçou, pedindo o engajamento, nesse aspecto, das
secretarias municipais e estaduais de Saúde.
Outro ponto a ser melhor trabalhado, destacou Arlene, é a
identificação da morte encefálica. Estima-se que, no Brasil, ocorram mais de 9
mil mortes encefálicas que propiciem a doação de órgãos, mas que passam em
branco pelos profissionais de saúde.
“Nossa
ideia é trabalharmos com índice de 5%”, disse Arlene. “Teremos no mínimo 500 doadores a mais, só mudando essa realidade, que
depende diretamente das partes intra-hospitalares”, avaliou.
Dados
O Brasil possui hoje 53.218 pacientes na fila por um
transplante de órgãos. A grande maioria (31.125) aguarda para receber um novo
rim. Em seguida, vem a fila por um fígado (1.905). No país, estão registradas
ainda 365 pessoas à espera de um coração e 259 de pulmão.
O número total engloba 19.115 pessoas que aguardam por um
transplante de córnea, embora esta seja considerada um tecido, e não um órgão,
e que o procedimento seja, muitas vezes, considerado não eletivo.
Até o momento em 2021, foram realizados 5.626 transplante no país, segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes. O número representa uma recuperação em relação aos 3.937 procedimentos realizados no ano passado, quando houve uma queda brusca no número de doadores devido às restrições provocadas pela pandemia de covid-19. Em 2019, foram realizados 7.715 transplantes.
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