O nível de endividamento médio das famílias brasileiras em
2021 foi o maior em 11 anos. É o que aponta a pesquisa divulgada nesta
terça-feira (18) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo (CNC).
Segundo o levantamento, o último ano apresentou recorde do
total de endividados, registrando uma média de 70,9% das famílias brasileiras,
enquanto dezembro alcançou 76,3% do total de famílias – patamar máximo
histórico já registrado pela CNC.
Ou seja, 7 em cada 10 famílias contraíram algum tipo de dívida
com o sistema financeiro em 2021.
Em 2020, o nível médio de endividamento foi de 66,5%.
"Em 2021, observou-se aumento de 4,4 pontos percentuais
no número médio de famílias com dívidas em pelo menos uma das principais
modalidades - cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito
consignado, crédito pessoal, carnês, financiamento de carro e financiamento de
casa, entre outras", destacou a CNC.
Inadimplência
tem leve recuo
Apesar do aumento do número de endividados no país, o
percentual médio de famílias inadimplentes – com contas ou dívidas em atraso –
diminuiu de 25,5% em 2020 para 25,2% em 2021.
"No último trimestre do ano, entretanto, o indicador de
contas em atraso acirrou, indicando tendência de alta para o início de
2022", destacou a CNC.
Em dezembro alcançou 26,2% ante 26,1% em novembro. O nível
recorde no percentual do indicador ocorreu em agosto de 2020, quando alcançou
26,7%.
Já percentual de famílias que declararam não ter condições de
pagar suas dívidas e que, portanto, devem permanecer inadimplentes recuo de 11%
em 2020 para 10,5% dos lares no país, na média do ano passado.
O comprometimento médio da renda com o pagamento mensal das
dívidas teve apenas uma leve alta e alcançou a média de 30,2% no ano, contra
30% em 2020.
Cartão de crédito segue como principal dívida
Assim como nos anos anteriores, o cartão de crédito foi o
tipo de dívida mais citado pelas famílias, alcançando o patamar de 82,6% na
média anual.
Em segundo lugar, focara, os carnês de lojas, apontado por
18,1% das famílias, e, em terceiro, o financiamento de carro, por 11,6%. Na
sequência, aparece o financiamento de casa (9,1%) e o crédito pessoal (9%).
O aumento do endividamento, porém, foi impulsionado por
fatores diferentes em cada tipo de faixa de renda.
"A inflação ao consumidor mais elevada provocou o maior
endividamento entre as famílias de menor renda, pela necessidade de
recomposição dos rendimentos. Entre as famílias consideradas mais ricas, a
demanda represada, em especial pelo consumo de serviços, fez o endividamento
aumentar ainda mais expressivamente, em especial no cartão de crédito",
destacou o relatório.
Expectativas
para 2022
Apesar da piora do cenário macroeconômico e das condições
financeiras mais acirradas (orçamento doméstico comprimido, inflação alta,
fragilidade no mercado de trabalho sem ganhos reais nos rendimentos), a CNC
destacou que uma "parcela menor de consumidores relatou estar muito
endividada" e que também diminuiu a proporção de consumidores na faixa de
menor renda com mais de 50% da renda comprometida com dívidas.
"O início de 2022 é marcado pelo alto endividamento, em
que os consumidores seguirão enfrentando os desafios financeiros da segunda
metade de 2021, principalmente inflação e juros elevados, assim como o mercado
de trabalho formal ainda frágil. Soma-se a isso o vencimento de despesas
típicas do primeiro trimestre, as quais apertarão ainda mais os orçamentos
domésticos neste período", avaliou a CNC. *Com informações do G1
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