Após um ano da 1ª cirurgia de Parkinson na Santa Casa de Piracicaba, paciente revela: “tive minha vida de volta”
Há um ano, a Santa Casa de Piracicaba realizava a primeira
cirurgia de Parkinson. A paciente, uma mulher de 37 anos, diagnosticada há
cinco, já havia perdido quase todos os movimentos, estava com a voz
comprometida e as dezenas de medicamentos diários que precisava ingerir não
faziam mais efeito. Hoje, passados 12 meses - a cirurgia foi em 27 de janeiro
de 2021 -, a situação é completamente oposta e Simone da Silva Lopes, agora com
38 anos, se revela uma nova pessoa. Tal mudança foi possível graças à cirurgia
realizada pelo neurocirurgião da Santa Casa de Piracicaba, José Zeraick Neto
(CRM 168.424), que contou com a presença de um dos maiores especialistas em
Parkinson do Brasil, o neurocirurgião e ‘piracicabano’, Nilton Lara (CRM
77.004).
“Hoje posso dizer que completo um ano de uma nova vida. A
mudança foi tanta, que eu faço musculação cinco vezes por semana, me curei da
depressão causada pela minha situação anterior e posso comer, tomar banho e
fazer o que quiser sem a ajuda de ninguém”, disse com a voz firme, como se nunca
tivesse sofrido para se comunicar.
Quando recebeu o
diagnóstico de há seis anos e quando percebeu que seu corpo atrofiava a cada
dia, Simone disse que achou que a sua vida tivesse perdido o sentido. Ela, que
mora em Charqueada e fazia tratamento em sua cidade, foi encaminhada para
avaliação com o neurocirurgião Zeraick, que apresentou a ela a possibilidade de
fazer uma cirurgia de alta tecnologia e que poderia mudar sua perspectiva. O
implante de um eletrodo no cérebro, feito pela equipe do neurocirurgião da
Santa Casa Piracicaba, fez com que ela recuperasse os movimentos e, com eles, a
qualidade de vida.
“Se tratava de uma paciente jovem com diagnóstico com mais de
cinco anos. Para realizar a cirurgia é necessário ter a certeza da doença, o
paciente ter menos de 80 anos e que já não apresente melhoras com o uso do
medicamento. Nós retiramos a necessidade desse medicamento e esse é o maior
benefício. A gente muda a história da doença, porque o Parkinson é uma doença
crônica e dura pelo resto da vida, não para de progredir. É uma cirurgia muito
segura, em que o paciente vai para casa no mesmo dia ou no dia seguinte”,
explica Zeraick.
O procedimento consiste em estimular, por meio de um
dispositivo, as regiões do cérebro responsáveis pela manifestação dos principais
sintomas da doença, como tremor e rigidez. O método com o eletrodo é
considerado pouco invasivo, tendo em vista que o dispositivo é instalado por um
pequeno furo, com anestesia local e o paciente consciente. “Depois de
instalado, o eletrodo não precisa mais ser substituído. Somente a bateria,
colocada no mesmo local do marcapasso da cirurgia cardíaca, é que precisa ser
trocada quando apresentar desgaste. Infelizmente, não são todos os pacientes
com Parkinson que podem se beneficiar muito da cirurgia. Os que mais se beneficiam são os que têm
respostas benéficas com um tipo específico de medicamento”, diz o
neurocirurgião.
"Estava no fundo do poço. A cirurgia para mim foi uma
luz no fim do túnel. Tomava a medicação várias vezes ao dia, quase não me
alimentava mais. Parei de trabalhar, perdi tudo que gostava de fazer. Hoje, só
tenho que agradecer a Deus, ao doutor Zeraick, que me acompanha desde então e à
Santa Casa de Piracicaba. Hoje posso dizer que sou feliz de novo, que tenho uma
vida”, enfatiza Simone.
De acordo com Zeraick, apesar de não significar a cura do mal
de Parkinson, o implante possibilita que, até que apareçam sintomas de
comprometimento cognitivo e comportamental, o paciente tenha uma vida normal,
por meio do controle dos sintomas motores. "No estágio avançado, começam a
aparecer complicações cognitivas. Aí não há mais nada a fazer, mas eles podem
demorar de 20 a 30 anos para aparecer", destaca.
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