As primeiras doses da vacina contra a varíola dos macacos
(monkeypox, em inglês) destinadas ao Brasil deverão chegar em setembro,
informaram há pouco o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Daniel
Pereira, e o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Arnaldo Medeiros.
Cerca de 20 mil doses desembarcarão no país em setembro; e 30 mil, em outubro.
Apenas profissionais de saúde que manipulam as amostras recolhidas
de pacientes e pessoas que tiveram contato direto com doentes serão vacinados.
O esquema de vacinação será feito em duas doses, com intervalo de 30 dias entre
elas.
A aquisição será feita por meio de convênio com a Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas) porque a empresa dinamarquesa produtora da vacina
não-replicante não tem escritório no Brasil nem pretende abrir representação no
país. “Existe um pedido da Opas para a aquisição de 100 mil doses de vacinas
para as Américas. Dessas 100 mil doses, 50 mil serão adquiridas pelo Ministério
da Saúde”, detalhou Medeiros.
Os secretários do Ministério da Saúde concederam, nesta
tarde, entrevista coletiva para explicarem as ações da pasta, no dia da
inauguração do Centro de Operação de Emergência (COE), que coordenará os
trabalhos de monitoramento e de combate à doença.
Segundo o secretário de Vigilância Sanitária, o ministério
informou que não haverá campanha de vacinação em massa porque não existe
recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). “A OMS não preconiza uma
vacinação em massa, então a gente não está falando de uma campanha de vacinação
como falávamos para a covid-19. São vírus absolutamente distintos, é uma
clínica absolutamente distinta, um contágio absolutamente diferente, uma
letalidade diferente. São doenças absolutamente distintas”, justificou.
Embora, neste primeiro momento, o Brasil compre as doses de
uma empresa dinamarquesa, Medeiros não descartou a possibilidade de que, no
futuro, o Ministério da Saúde compre doses do Instituto Butantan ou do
Laboratório de Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, caso essas unidades
produzam algum imunizante não-replicável contra a varíola dos macacos e caso
haja necessidade.
Estigmatização
O Ministério da Saúde manteve as orientações para quem tem
suspeita de estar infectado. Quem tiver sintomas deverá procurar um médico,
informar os contatos próximos e isolar-se o mais rápido possível. Embora a
maior parte dos casos registrados até agora seja registrado em homens que
tiveram relações sexuais com outros homens, o secretário de Vigilância em Saúde
alertou que qualquer pessoa pode contrair o vírus.
“O dado epidemiológico que nós temos é que, em quase 20 mil
casos no mundo, mais de 95% dos casos confirmados são de homens que fazem sexo
com outros homens, mas isso não é estigmatização porque a principal forma de
transmissão se dá por meio de contato [direto com a pele da pessoa infectada].
É fundamental não fazer a estigmatização, até porque a principal forma de
transmissão é o contato pele com pele”
Balanço
O Ministério da Saúde também atualizou as estatísticas de
casos da varíola dos macacos. Em todo o Brasil, o número de casos confirmados
subiu para 1.066, contra 978 até ontem. As cidades com mais ocorrências são São
Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
A pasta também deu mais informações sobre a primeira morte de
um infectado no Brasil. O paciente, um homem de Belo Horizonte com 41 anos,
tratava um câncer com quimioterapia, estava imunodeprimido e morreu por
complicações provocadas pelos sintomas da varíola dos macacos. Ele estava em um
hospital público da capital mineira, chegou a ir para a Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI), mas não resistiu.
Nesta tarde, a Espanha também confirmou a primeira morte por
varíola dos macacos, a segunda fora do continente africano. Até agora, foram
registradas sete mortes em todo o planeta neste surto da doença. O país com o
maior número de casos são os Estados Unidos, com cerca de 4,9 mil ocorrências.
*Agência Brasil
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