Em depoimento de aproximadamente duas horas à Polícia
Federal, Jair Bolsonaro alegou que compartilhou “por engano” no dia 10 de
janeiro o vídeo postado por uma seguidora do Facebook com questionamentos à
vitória de Lula nas eleições.
O ex-presidente disse que queria enviar o vídeo para seu
WhatsApp para assistir posteriormente, mas acabou teclando errado e repostando
o conteúdo publicamente no feed. Mesmo deletada de seu perfil três horas
depois, a publicação serviu de argumento ao ministro Alexandre de Moraes para
ouvi-lo no âmbito do inquérito do 8 de janeiro.
O vídeo compartilhado por Bolsonaro mostrava o trecho de uma
entrevista do procurador Felipe Gimenez, do Mato Grosso do Sul, questionando o
processo eleitoral. “Lula não foi eleito
pelo povo brasileiro. Lula foi escolhido pelo serviço eleitoral, pelos ministros
do STF e pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral”, diz Gimenez no
vídeo. O procurador virou alvo de representação na Corregedoria da Procuradoria
Geral Eleitoral. À imprensa, ele disse nunca ter mantido qualquer contato com
Bolsonaro.
Segundo o advogado Paulo Cunha Bueno, o presidente estava
internado num hospital em Orlando, sob efeito de morfina. “Foi um equívoco na
hora de salvar o arquivo. Ele não percebeu que havia postado.” Fábio
Wajngarten, ex-secretário de Imprensa, disse que o presidente “sequer havia
percebido que tinha postado o conteúdo e só tomou conhecimento depois por
assessores”. “Assim que alertado, apagou o vídeo.”
Wajngarten ressaltou que, em seu depoimento à PF, Bolsonaro
reiterou sua condenação aos atos de 8 de janeiro e lembrou que o ex-presidente
fez um tuíte repudiando as invasões ainda na noite do dia 8. O advogado Daniel
Tesser, que também integra da defesa, disse que Bolsonaro consignou aos
investigadores que as eleições de 2022 “são página virada”, que após a derrota
ele fez a transição e depois, no dia 30 de dezembro, saiu de férias.
Segundo os assessores, o ex-presidente se limitou a comentar
a postagem, evitando responder a outras perguntas para não prejudicar sua
defesa no processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral. Neste outro caso,
Bolsonaro é acusado de abuso de poder político ao questionar a segurança das
urnas eletrônicas. Sua defesa afirma que o encontro com os diplomatas não
configurou ato eleitoral. A Procuradoria Eleitoral já se manifestou pela
cassação dos direitos políticos do ex-presidente e o caso deve ser pautado em
breve.
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