Agosto Dourado destaca padrão de qualidade do aleitamento materno - Médica diz que prática é benéfica para mãe e filho
Instituído no Brasil pela Lei 13.435/2017, agosto é o Mês do Aleitamento Materno, quando são intensificadas ações de conscientização e esclarecimento sobre a importância da amamentação. O mês é conhecido como Agosto Dourado, já que esta cor destaca o padrão ouro de qualidade do leite materno.
Em entrevista à Agência Brasil, a pediatra Eucilene Kassya
Barros, professora do Instituto de Educação Médica (Idomed), disse que são
inúmeros os benefícios da amamentação para mães e bebês. O leite que a mãe
produz é o alimento que tem todos os nutrientes específicos para cada
necessidade do filho, ao mesmo tempo que estimula o desenvolvimento do sistema
imunológico dos pequenos.
“Os bebês que mamam costumam passar menos tempo no hospital quando adoecem. São bebês que têm menos resfriados no primeiro ano de vida, menos quadros diarreicos nos primeiros dois anos de vida, menos risco de obesidade e de diabetes médias”. Para as mães, os benefícios da amamentação vão da redução de peso mais rápida no pós-parto á diminuição dos riscos de diabetes tipo 2 e de câncer de mama e de ovário. “Temos aí benefícios para ambas as partes”, afirmou Eucilene.
O leite materno evita doenças, porque contém imunoglobulina
A, proteína que age na proteção das mucosas do sistema respiratório do bebê,
evitando a progressão de infecções, além de reduzir a exposição e a absorção
intestinal de alergênicos responsáveis pelas doenças respiratórias. Segundo a
pediatra, a amamentação prolongada acima de seis meses, pode trazer ainda mais
benefícios.
Internações
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a amamentação
exclusiva nos primeiros meses de vida reduz em até 63% as internações
hospitalares por doenças respiratórias, como pneumonia, bronquiolite e gripes.
“Nos primeiros dias do pós-parto, a mãe produz o leite in natura, que nós
chamamos colostro, que é rico em imunoglobulina e protege o bebê contra
inúmeras doenças, ao longo de toda a vida. Nos quadros respiratórios, isso tem
papel fundamental”, acrescentou Eucilene.
O aleitamento materno protege do risco de morte
principalmente nos primeiros 5 anos de vida, período em que o risco costuma ser
maior, independentemente de a criança ter comorbidades, ou não. “O leite
materno reduz esse risco, exatamente por ser um alimento padrão ouro.”
A pediatra advertiu que, nos primeiros dias, a mãe pode ficar
com o mamilo um pouco mais sensível, em função da mudança hormonal que a mulher
passa. Por isso, é importante uma orientação adequada para se avalie a
"pega" do bebê, se ele não tem um frênulo curto na língua que precise
ser abordado para que não machuque nem faça fissura na auréola e a mãe consiga
amamentar sem dor nos primeiros dias.
Uso de silicone
A pediatra afirmou que, não há impedimentos para a
amamentação em uma mulher que tem prótese de silicone ou que precisou fazer uma
cirurgia de redução mamária. “Ela pode amamentar. Hoje em dia, as cirurgias são
feitas já pensando nisso, são minimamente invasivas. No caso do silicone, não
tem maiores problemas. No caso da redução de mama, os médicos se preocupam em
proteger a maior parte do tecido mamário para, realmente, fazer com que isso
não prejudique a amamentação de forma alguma”.
Eucilene ressaltou, no entanto, que essa mulher precisará ser
acompanhada porque não é tão raro, nos dois casos, ter que complementar a
alimentação da criança, por conta de alguma dificuldade na produção de leite.
“Pode haver essa necessidade.”
O cirurgião plástico Fernando Amato, especialista em
reconstrução mamária e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
(SBCP), também não vê problema para a mulher com silicone amamentar.
“Normalmente não interfere”, disse Amato, explicando que o implante fica abaixo
da glândula ou até embaixo da musculatura peitoral e, durante a colocação,
quase não ocorre trauma na glândula mamária.
Aleitamento prolongado
Eucilene Barros defendeu a importância do aleitamento materno
prolongado, mesmo após a introdução de outros alimentos na dieta da criança.
Segundo a pediatra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera ideal um
período de dois anos, ou mais, de amamentação. “Esta é a recomendação para
todas as mães.”
Conhecer os benefícios do aleitamento materno para as mães e
as crianças é importante para a mãe e a criança. Este ano, o tema da campanha
da Semana Mundial do Aleitamento Materno, que vai de 1º a 7 de agosto, é
“Possibilitando a amamentação: fazendo a diferença para mães e pais que
trabalham”.
Os primeiros meses de vida são muito importantes, mas a
médica e professora do Idomed destacou que é preciso apoiar as mulheres que
trabalham fora para que consigam persistir no aleitamento nos dois primeiros
anos, como recomenda a OMS. É importante que a mulher que amamenta, tanto nesse
começo quanto depois dos 6 meses, tenha uma rede de apoio que possa, de fato,
garantir que mantenha o propósito de continuar amamentando, acrescentou.
Saúde óssea
O médico reumatologista Felipe Grizzo, membro da Associação
Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso), destacou que,
apesar de a amamentação exclusiva causar uma perda óssea temporária na mulher,
estudos sinalizam que ocorre uma recuperação completa após o desmame. Pesquisas
não encontraram também aumento no risco de osteoporose pós-menopausa
relacionado à gestação ou lactação.
Grizzo enfatizou que o aleitamento materno não traz
malefícios para a saúde óssea da mãe. Embora cada caso deva ser analisado
individualmente, o reumatologista explicou que não há, em geral,
contraindicações para a amamentação, por causa de problemas osteometabólicos.
“Fraturas durante a amamentação são extremamente raras e geralmente estão
associadas a condições de saúde pré existentes”. A recomendação é que, durante
o pré-natal, as gestantes sejam avaliadas individualmente para identificação de
condições de risco para fraturas durante a amamentação e implementação das medidas
protetivas necessárias.
O reumatologista lembra que durante a gestação, ocorre uma mobilização significativa de cálcio pela mulher para a formação do esqueleto do feto, o que eleva a absorção intestinal desse mineral nesse período, comparado à fase anterior à gravidez. Para prevenir a perda óssea, indicou ser essencial garantir a ingestão adequada de cálcio ou a suplementação durante o segundo e o terceiro trimestre de gestação. O especialista esclareceu ainda que durante a lactação, a absorção intestinal do cálcio da mãe retorna aos níveis pré-gestacionais.
No caso de gravidez na adolescência, a gestação ocorre
durante o período de pico de massa óssea, o que levanta questionamentos sobre o
impacto tardio no esqueleto materno. Contudo, estudos realizados não
demonstraram aumento da osteoporose na pós-menopausa nessas mulheres, informou
o reumatologista.
Comentários
Postar um comentário
Olá, agradecemos a sua mensagem. Acaso você não receba nenhuma resposta nos próximos 5 minutos, pedimos para que entre em contato conosco através do WhatsApp (19) 99153 0445. Gean Mendes...