Confira as principais apostas para os temas da redação do Enem - Meio ambiente, saúde, tecnologia e inteligência artificial são cotados
Agência Brasil |
Temas ligados ao meio ambiente, saúde, tecnologia e
inteligência artificial são algumas das apostas de professores para a prova de
redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será aplicada no próximo
sábado (5). Além de conhecer as exigências sobre a estrutura do texto, os
alunos devem estar bem informados sobre os principais acontecimentos no Brasil.
O eixo do meio ambiente é uma das principais apostas da
professora de redação Roberta Panza, da plataforma de estudos Descomplica. “É
um tema muito atual e, de uns anos para cá, a discussão sobre o clima tem sido
cada vez mais presente”, diz. Nesse eixo, podem ser abordados temas como
aquecimento global e mudanças climáticas, educação ambiental e crise climática,
hídrica e energética.
Os impactos das mudanças climáticas também estão entre as
apostas da professora de língua portuguesa e redação do colégio Mopi Tatiana
Nunes Camara. “A consciência dos cidadãos, no que diz respeito a como manter
equilibrado o meio ambiente, é o ponto de partida para que os impactos
negativos sejam minimizados”, afirma Tatiana. Questões sobre insegurança
hídrica, desmatamento e mudanças climáticas também são citadas pela professora
Mariana Bravo, do Ateliê da Redação.
A inteligência artificial é outro tema que pode ser abordado
no tema da redação, na avaliação da professora Tatiana, por ser um assunto em
voga na contemporaneidade. “Há segmentos da sociedade que rechaçam os recursos
criados a partir da inteligência artificial, enquanto há muitas pessoas que [a]
veem como uma grande oportunidade de evolução em vários setores da sociedade,
inclusive provocando impactos profundos na educação brasileira”, diz a
professora, lembrando também a abordagem da exclusão digital. Para a professora
Roberta, o Enem pode trazer o tema da inteligência artificial e as mudanças que
o recurso pode gerar no mercado de trabalho, especialmente para a juventude.
Na saúde, é possível que apareçam temas como obesidade,
sedentarismo e os hábitos de vida que levam a doenças, acrescenta Roberta. Para
a professora Mariana, o tema pode vir abordando o uso de “drogas da
inteligência” para melhorar a performance cerebral de estudantes e
trabalhadores sem que haja diagnóstico, fenômeno chamado de
“doping cognitivo” ou “psiquiatria cosmética”. A eficiência da vacinação, a
importância do SUS (Sistema Único de Saúde), o combate às infecções sexualmente
transmissíveis e os transplantes no Brasil são temas citados pela professora de
redação do Cursinho CPV Isabela Arraes.
Entre os temas ligados à educação, as mudanças no ensino
médio, a alfabetização e a evasão escolar no contexto da pós-pandemia de
covid-19 são possibilidades de abordagem, segundo a professora Roberta. Outra
abordagem possível é a importância da educação de jovens e adultos. “A formação
escolar é importante, principalmente, em um país como o Brasil, no qual as
desigualdades sociais são tão latentes”, diz Tatiana.
Outras possibilidades de assuntos para a redação do Enem
deste ano são: fake news, bullying e violência nas escolas, segurança pública,
violência policial, combate à fome no país e insegurança alimentar, questão
habitacional no Brasil, pessoas em situação de rua, trabalho análogo à
escravidão, etarismo, idosos e mães “solo”.
O Enem 2023 será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. As
notas das provas podem ser usadas para concorrer a vagas no ensino superior
público, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a bolsas de estudo em
instituições privadas de ensino superior pelo Programa Universidade para Todos
(ProUni) e a financiamentos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Foco na
estrutura
Se, por um lado, muitos professores gostam de trabalhar vários
temas possíveis para a redação com os alunos, outros defendem que saber o tema
com antecedência não é tão importante para o desempenho do aluno. “Meu conselho
para a redação é não se preocupar com o tema. O tema que vier, vamos fazer o
básico para garantir uma nota alta, e se vier um tema que ele domina melhor,
ainda consegue firular para garantir a nota mil”, diz a professora Carol
Mendonça, do canal Português para Desesperados.
Segundo Carol, é importante credibilizar os argumentos apresentados com alguma associação artística, estatística, resultado de pesquisa, retomada histórica ou com a fala de um especialista, por exemplo. “Sempre tentar sair do campo da opinião para o campo do fato. Independentemente do que você pensa, vai colocar o que pode ser provado”, aconselha a professora.
Para o professor Luis Junqueira, cofundador da plataforma de
letramento Letrus, o mais importante é seguir a estrutura da redação, fazendo
uma contextualização geral, definindo a tese, e apresentando uma proposta de
intervenção social. Segundo ele, os textos de apoio e as informações que estão
na prova já são suficientes para dar uma base para o aluno sobre o assunto.
“Se você tem insegurança com o tema que caiu na prova, você
pode traduzir as informações do infográfico. O texto vai ter que ter uma tese,
um contexto e uma orientação para a proposta de intervenção social.
Independente do tema, a estrutura da redação é a mesma, concentre-se nessa estrutura”,
diz o professor.
Na redação do Enem, os candidatos deverão fazer um texto
dissertativo-argumentativo de até 30 linhas sobre um tema de ordem social,
científica, cultural ou política, defendendo um ponto de vista (uma opinião a
respeito do tema proposto), apoiado em argumentos consistentes, estruturados
com coerência e coesão. Também deve ser elaborada uma proposta de intervenção
social para o problema apresentado no desenvolvimento do texto. Essa proposta
deve respeitar os direitos humanos.
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