TikTok banido nos EUA? Entenda o que pode acontecer com a rede social no Brasil - Relação do governo brasileiro com China deve afastar possibilidade de banimento do aplicativo por aqui
O presidente dos EUA Joe Biden sancionou na quarta-feira (24)
o projeto de lei que aprova o banimento do TikTok caso a chinesa ByteDance não
encontre um comprador americano para dar continuidade à plataforma.
A aprovação do projeto de lei, que aconteceu às pressas desde
o último final de semana, segue uma discussão iniciada em 2020, ainda no
governo de Donald Trump. Durante esses quatro anos, muita coisa aconteceu. Tire
suas dúvidas sobre o caso:
O TikTok já
parou de funcionar nos EUA?
Não. Com a assinatura do presidente Joe Biden ao projeto de
lei que aprova o banimento do TikTok dos EUA, há um prazo de 270 dias (9 meses)
para que a rede social chinesa encontre um comprador que possa prosseguir com
as operações nos EUA.
Esse prazo poderá ser renovado por mais 90 dias. Ou seja, a
medida tem até um ano para que possa entrar em vigor.
Caso a venda não seja concluída, lojas de aplicativo, como a
App Store, da Apple, e o Google Play não poderão mais oferecer a plataforma
para os usuários e ela ficará indisponível no país.
Por que os
EUA vão bloquear o TikTok?
A principal alegação do governo americano é a preocupação com
a segurança nacional, já que as autoridades acreditam que o TikTok pode ter
acesso aos dados sensíveis dos usuários americanos e que essas informações
podem ser compartilhadas com o governo chinês.
Quantas
pessoas poderão ser afetadas pelo banimento do TikTok?
Aproximadamente 170 milhões de americanos poderão ser afetados pelo banimento do TikTok, segundo a ByteDance.
O TikTok vai
parar de funcionar no Brasil?
Não. Até o momento, não existe um projeto de lei que prevê a
proibição do TikTok no País.
O projeto
de lei dos EUA pode ser replicado no Brasil?
Improvável. Os EUA possui uma relação de desconfiança com a
China em função de seu enorme crescimento econômico, vista como uma ameaça à
hegemonia americana.
Já o Brasil vem mantendo uma boa relação com a China,
fortalecida pelo BRICS, pela parceria comercial entre os países, proximidade
diplomática e objetivos em comuns. A suposta preocupação com vigilância do aplicativo
chinês aos cidadãos americanos, que motivou o projeto de lei nos EUA, não
possui força no Brasil.
O TikTok
vai recorrer da decisão?
O TikTok pode recorrer da decisão contestando a legalidade do
projeto e tentando ganhar mais tempo para reverter a situação. O processo, que
pode demorar meses ou até anos, pode garantir que a rede social continue no
país pelo menos até que uma decisão final seja tomada.
Em sua conta oficial no TikTok, o CEO da plataforma, Shou
Chew, respondeu ao governo americano dizendo que o app não vai sair do país.
“Fiquem tranquilos, não vamos a lugar algum”, afirmou Chew em vídeo publicado
na conta oficial do TikTok.
“Estamos confiantes e continuaremos lutando por seus direitos
nos tribunais. Os fatos e a Constituição estão do nosso lado, e esperamos
prevalecer.”
Michael Beckerman, vice-presidente de políticas públicas do TikTok, em uma entrevista com um criador de conteúdo do app na semana passada, segundo o Times, disse: “Felizmente, temos uma Constituição neste país, e os direitos da Primeira Emenda das pessoas são muito importantes. Continuaremos a lutar por todos os outros usuários do TikTok.”
Como o
TikTok reagiu às pressões de banimento?
Em uma tentativa de acalmar os legisladores, a ByteDance
chegou a criar, em julho de 2022, uma operação chamada Projeto Texas, para que
dados dos usuários americanos fossem processados no país, usando servidores em
uma parceria com a empresa americana Oracle.
O Projeto Texas custou mais de US$ 1,5 bilhão para ser
implementado.
Em janeiro de 2024, em uma audiência no Congresso dos Estados
Unidos, Chew anunciou o investimento de US$ 2 bilhões na área de Trust &
Safety para 2024, para garantir a segurança dos usuários, especialmente
adolescentes.
Nas últimas semanas, a empresa fez uma forte campanha contra
a legislação, pressionando os 170 milhões de usuários do aplicativo nos EUA –
muitos dos quais são jovens – a ligar para o Congresso e expressar oposição.
Quando os
EUA começaram a ameaçar o banimento do TikTok?
O TikTok começou a ser ameaçado em 2020 pelo então presidente
Donald Trump, que, ao endurecer seu discurso contra o país, passou a atacar a
rede social.
Seu argumento era de que a China poderia se aproveitar do
poder de alcance da plataforma, que é propriedade da chinesa ByteDance, para
obter dados dos usuários americanos, colocando a segurança do país em risco. A
ByteDance sempre negou a alegação.
Embora a ameaça de Trump não tenha se concretizado, a
desconfiança ao app continuou. Em dezembro de 2022, o senador republicano Marco
Rubio propôs uma lei para banir redes sociais chinesas e russas dos EUA.
Paralelamente, Biden assinou uma lei para proibir o TikTok em
dispositivos do governo americano. Em março de 2023, o FBI passou a investigar
a plataforma, ouvindo acusações de jornalistas e ex-funcionários.
O projeto de lei foi aprovado em março de 2024, após ampla
aprovação de deputados tanto da ala Democrata quanto Republicana, sob a mesma
alegação de proteção da segurança nacional dos EUA. A votação foi de 352 votos
a favor e 65 contra, bem acima dos dois terços necessários para a aprovação.
O Senado aprovou o projeto de lei no dia 23 de abril, sendo
sancionado por Biden no dia seguinte. Para acelerar o projeto de lei, ele foi
incluído em um amplo pacote de ajuda externa destinado a apoiar Israel e
Ucrânia.
Com a aprovação da lei, outros aplicativos além do TikTok,
criados por empresas da China, Coreia do Norte, Rússia ou Irã, ou com controle
de 20% ou mais por uma companhia desses países, também podem ser proibidos.
Por que
Donald Trump não é mais favorável ao banimento do TikTok?
Embora tenha sido o primeiro a ameaçar o TikTok, Donald
Trump, ex-presidente dos EUA, recuou e, desde março de 2024, se diz contrário
ao banimento do TikTok, afirmando que “há muitos jovens no TikTok que ficariam
malucos sem a plataforma.”
Para analistas, o ex-presidente mudou seu posicionamento para
conquistar o eleitorado jovem nos EUA, caso concorra às eleições que acontecerão
em novembro de 2024.
Outros motivos envolvem uma aproximação sua com um grupo
anti-imposto Club for Growth, que tem como um de seus financiadores o
bilionário Jeff Yass, cuja empresa de investimentos detém 15% da ByteDance.
Além disso, Trump também teme que o banimento do TikTok possa
fortalecer a Meta, dona do Facebook, Instagram, plataformas que ele acusa de
favorecer o partido Democrata nos EUA.
Outra figura aliada a Donald Trump que discorda da decisão é
Elon Musk, que diz que o banimento seria contrário à liberdade de expressão.
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