Aluna de SP cria dispositivo para diagnósticar doenças respiratórias e vai aos EUA - Ana Elisa Brechane participou da principal feira de ciências do mundo; protótipo criado pode apoiar o tratamento de asma e bronquite
Foi com o objetivo de cuidar da saúde das pessoas que a aluna
da rede estadual Ana Elisa Brechane da Silva, de 16 anos de idade, criou o ConnectBreathe.
O dispositivo é capaz de fazer o diagnóstico e apoiar o tratamento de doenças
respiratórias. Com esse projeto, além de
receber premiações na Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), no
mês de março, Ana foi selecionada para a Feira Internacional de Ciências e
Engenharia (International Science and Engineering Fair – Isef), considerada a
maior do mundo do assunto. O evento encerrou na sexta-feira (17).
“O ConnectBreathe pode fazer o diagnóstico do sistema
respiratório dos pacientes para doenças como asma, bronquite, enfisema
pulmonar, também pode fazer o tratamento para fortalecer a musculatura
respiratória desses pacientes e de quem foi acometido por Covid, por exemplo”,
explica a estudante de Santa Rita d’Oeste, a 629 quilômetros de São Paulo.
Esta é a segunda vez que Ana Elisa é selecionada para a Isef
com o mesmo projeto. No ano de 2022, a estudante esteve em Atlanta, nos Estados
Unidos com a primeira versão do ConnectBreathe, idealizado com o objetivo de
apoiar a fisioterapia respiratória, no tratamento pós-Covid. Tanto que ela
recebeu com surpresa o anúncio da segunda seleção. “Na época, considerei que a
minha seleção ocorreu por conta da problemática da Covid. Jamais imaginei que
seria selecionada novamente, apesar de ter continuado a trabalhar no projeto e
expandido suas possibilidades de diagnóstico e tratamento”, afirma ela.
Atualmente, a aluna está matriculada na Escola Estadual
Professora Maria das Dores Ferreira da Rocha, na Diretoria Regional de Ensino
de Jales. Além de reconhecer o apoio e incentivo da família e dos professores
da unidade no desenvolvimento de todo o projeto, ela destaca a atuação do
professor Eder Carlos Antoniassi, docente que atua com projetos científicos em
aulas voluntárias aos finais de semana.
O professor Eder acompanha Ana Elisa à feira em Los Angeles e
fará a ponte, segundo Ana, para que o projeto ConnectBreathe — que tem baixo
custo de produção e pode modificar a forma como as doenças respiratórias são
tratadas —, seja patenteado.
O que é o
ConnectBreathe?
O projeto, que leva o nome e sobrenome ConnectBreathe:
sistema biomédico multiplataforma para fisioterapia respiratória com
gameterapia, e agora é apresentado mundialmente, envolve, de acordo com Ana e
Eder, um sistema biomédico multiplataforma capaz de fazer a análise da
musculatura pulmonar dos pacientes através de uma manovacuometria digital (um
teste em que é preciso inspirar e expirar) e promover o fortalecimento da
musculatura respiratória, aliando os exercícios a jogos digitais lúdicos. A
aluna desenvolveu duas válvulas para oferecer resistência ao fluxo respiratório
e fortalecer a musculatura respiratória nos exercícios. A partir do
conhecimento em gameterapia, e como complemento dispositivo pressórico, a jovem
cientista criou um aplicativo para dispositivos móveis com jogos digitais
temáticos com conexão via bluetooth e uma plataforma para computadores para
deixar os exercícios respiratórios lúdicos e motivantes, que podem aumentar a
adesão e permanência no tratamento.
Ana na
Febrace
Na Febrace, Ana Elisa recebeu um total de quatro premiações,
entre elas a de 1º lugar na categoria Ciências e Saúde, o que possibilitou a
classificação para a feira internacional de ciências e engenharia.
Para a jovem cientista, o grande momento foi receber uma
premiação das mãos de seus ídolos na ciência. “Eu recebi um dos prêmios de
destaque entregues pelo Iberê Thenório e Mariana Fulfaro, do Manual do Mundo,
um canal que assisto e acompanho desde criança. Foi um choque para mim, que
venho de uma cidade tão pequena. Não tenho como explicar a minha reação e
emoção em receber um prêmio feito pelo Iberê”, conta.
Mesmo estando entre as alunas cientistas do Ensino Médio em
uma feira de caráter mundial, Ana mantém os pés no chão. “Eu competi com
estudantes que têm muito mais recursos e estão em grandes centros, como
estudantes de escolas particulares. Espero que consiga continuar a desenvolver
esse projeto. Gostaria muito de cursar faculdade em uma área que esteja ligada
a ele, e quem sabe continuar ajudando em várias condições e outras situações
cotidianas”, finaliza.
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