Avança na Câmara retirada da vacina da covid de calendário infantil Recurso contra rejeição do texto foi aprovado na CCJ e vai ao plenário
Contrariando
a posição da comunidade científica, avançou na Câmara dos Deputados o projeto
de decreto legislativo (PDL 486/2023) que exclui a vacina contra a covid-19 do
calendário infantil para crianças de 6 meses a 5 anos de idade. A medida
derruba a decisão do Ministério da Saúde (MS) que inclui o imunizante no Plano
Nacional de Imunizações (PNI).
A autora do
projeto, deputada Julia Zanatta (PL/SC), recorreu à Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que
rejeitou o texto.
O recurso foi aprovado por 28 votos - sendo 25 do PL, um do União Brasil, um do Novo e um do PP- contra 14 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e agora precisa ser analisado pelo plenário da Casa. Ainda não há data para a votação do recurso.
A deputada
Julia Zanatta argumenta que a vacina contra a covid-19 não teria sido
suficientemente testada “pelo tempo”, sujeitando os pais e responsáveis “a
penalidades diversas, inclusive a perda da guarda dos filhos”. Organizações
científicas e o Ministério da Saúde rejeitam o argumento da relatora.
“As vacinas
[contra a ] covid-19 estão entre os produtos farmacológicos mais estudados na
história recente da humanidade”, rebateu o ministério em nota técnica,
lembrando ainda que, somente neste ano, 30 crianças morreram em decorrência da
covid.
"As crianças representam atualmente uma proporção relevante de casos, hospitalizações e óbitos decorrentes da covid-19. Apenas em 2024, até 18 de maio, foram registrados 1.150 casos e 30 óbitos por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por covid-19 na faixa etária com menos de 5 anos de idade”, afirma a nota.
A pasta
lembrou ainda que a Lei n.º 6.259/1975 determina que cabe ao Ministério da
Saúde a definição das vacinas, inclusive as de caráter obrigatório, e que “a
inclusão da vacina de covid-19 no calendário foi realizada com base em
evidências científicas internacionais, além de dados epidemiológicos de casos e
óbitos pela doença no Brasil”.
A decisão de
incluir a vacina contra o coronavírus no calendário infantil foi apoiada pelo
Câmara de Assessoramento de Imunizações do MS, que reúne as principais
organizações científicas do Brasil, como a Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a Federação Brasileira de
Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva
(Abrasco), entre outras.
“A Coalizão
Internacional de Autoridades Reguladoras de Medicamentos (ICMRA), que congrega
38 agências reguladoras de medicamentos, incluindo a Anvisa, reitera a
segurança das vacinas Covid-19 em crianças, com base em dados de milhões de
doses que foram administradas nesta faixa etária e que são consistentes com as
conclusões dos ensaios clínicos pediátricos”, completou, em nota, o ministério.
A inclusão da vacina contra a covid-19 no calendário infantil também conta com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dos conselhos nacionais de Secretários Estaduais e Municipais de Saúde (Conass e Conasems).
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