Indígenas expõem peças de artesanato em Brasília e pedem visibilidade Feira fica até 9 de agosto e oferece peças de seis diferentes povos
Até
sexta-feira da semana que vem, 9 de agosto, Dia Internacional dos Povos
Indígenas, artesãos como Airy expõem seus trabalhos em uma feira organizada
pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), no prédio onde está sediado
o órgão, no centro da capital. “Somos artesãos desde a infância, quando a gente
começa a juntar as sementinhas. Mas o meu forte mesmo era ajudar meu pai a
fazer as peças de madeira.”
Airy Gavião
trabalha com todo tipo de artesanato, inclusive pinturas figurativas de
indígenas e natureza. Ela ensinou a arte aos três filhos, que nasceram em
Brasília. Os trabalhos que ela cria também são uma forma de voltar a se sentir
na comunidade no Pará. “Tenho saudades de quando fazia farinha escaldada. De
estar lá junto. De brincar. Todo mundo junto e cantando. Sinto falta do sentido
de coletividade”.
Na mostra,
estão à venda peças feitas por indígenas dos povos Gavião, Pataxó, Kariri Xocó,
Guajajara e Bororo.
Segundo
diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Lucia Alberta, a
feira pode colaborar com a geração de renda e o fortalecimento das atividades
produtivas que enriqueçam a cultura
indígena. “[É] sempre bom ressaltar que tudo que se vê em uma feira indígena é
fruto dos conhecimentos ancestrais representados nos pequenos objetos que se
pode ver nessa exposição”, afirmou Lucia Alberta.
A artesã
Murian Pataxó, de 49 anos, que vive em uma comunidade indígena na região
administrativa do Paranoá, diz que esse saber ancestral representa modo de vida
e de renda para eles. Murian lembra que tudo o que aprendeu foi com os pais e
avós em Santa Cruz Cabrália, na Bahia, e fazem recordam de quando foram
ensinadas a reunir as sementinhas de morototó e de açaí, por horas a fio no
cordão.
“Tudo feito
a mão. Essas pulseiras e colares fazem parte do que nós somos”, afirma Murian.
A artesã ressalta que o artesanato indígena precisa ter visibilidade cultural e
comercial.
Gerações
As gerações
mais novas garantem que não deixarão essa arte secar com o passar do tempo. A
artesã Bruna Togojebado, de 30 anos, diz que tem felicidade de explicar o que
aprendeu para a filha, de 9 anos. “Estou grávida e quero o melhor para quem vai
vir depois da gente. A gente passa de pais para filhos essa sabedoria”.
Uma novidade
é que os mais novos estão ensinando os
mais velhos a vender os produtos pela internet.
Aliás, o
local de exposição e venda dos produtos foi motivo de descontentamento para os
indígenas no primeiro dia da da feira. Os artesãos reclamaram para a Funai que
gostariam de um espaço com mais visibilidade no próprio Edifício Parque Cidade
Corporate.
A artesã
Jacy Pataxó, de 50 anos, afirma que as peças estão expostas em um corredor onde
há pouca movimentação de visitantes e que é preciso fazer um ajuste. “A gente
depende das vendas. Queremos um lugar mais visível”.
Consultada
pela reportagem sobre esse tema, a Funai não se manifestou.
Serviço
Exposição de
Arte Indígena
Data: Até 9
de agosto, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.
Endereço:
Setor Comercial Sul, Quadra 9, Asa Sul – Brasília/DF
Local:
Edifício Parque Cidade Corporate - Torre B
*Colaborou
Ana Carolina Alli, estagiária sob supervisão de Marcelo Brandão
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