Brasil está perto de perder o controle sobre a inflação. A dívida pública brasileira já corresponde a 77,7% do Produto Interno Bruto (PIB)
O Brasil está se aproximando de uma situação econômica
preocupante conhecida como "dominância fiscal", na qual a política
monetária perde eficácia no controle da inflação devido ao elevado
endividamento público. Atualmente, a dívida pública brasileira corresponde a
77,7% do Produto Interno Bruto (PIB), um aumento significativo em relação aos
51,3% registrados em 2011.
O Banco Central tem adotado uma política de elevação da taxa
Selic para conter a inflação e a desvalorização do real. Em dezembro de 2024, o
Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a Selic em 1 ponto percentual,
alcançando 13,25%, com a promessa de manter esse ritmo de elevação. Apesar
dessas medidas, o dólar atingiu R$ 6,19 em 29 de dezembro e atualmente está em
torno de R$ 5,86. Projeções indicam que a inflação medida pelo IPCA deve
encerrar 2025 em 5,5%, ultrapassando o limite da meta pelo segundo ano
consecutivo.
Especialistas alertam que, mesmo com o aumento dos juros, a
inflação e a desvalorização cambial persistem, indicando uma possível perda de
eficácia da política monetária. Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da
Way Investimentos, afirma que "estamos precisando de juros cada vez
maiores para colocar a inflação na meta", sugerindo que o país está na
"antessala" da dominância fiscal.
A dominância fiscal ocorre quando o aumento dos juros pelo
Banco Central eleva os custos de financiamento da dívida pública, piorando as
condições fiscais e pressionando ainda mais a inflação. Emerson Marçal,
professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV, explica que, nesse
cenário, "não adianta o Banco Central subir os juros porque não consegue
segurar a inflação".
Para evitar esse cenário, especialistas recomendam a
implementação de reformas estruturais, como a Administrativa e a da
Previdência, além de cortes significativos nos gastos públicos. Alexandre
Espírito Santo destaca a necessidade de "fazer ajustes críveis, reformas e
cortes de gastos significativos" para corrigir o quadro fiscal no curto
prazo.
O governo anunciou recentemente medidas de contenção de
gastos, mas o mercado permanece cético quanto à sua eficácia. Relatório da
Capital Economics afirma que, embora o Brasil não esteja atualmente em
dominância fiscal, há razões para preocupação, especialmente devido aos altos
custos da dívida pública e à inclinação do governo para uma política fiscal
expansionista.
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