Não há obrigatoriedade para fechamento de mercados aos domingos em Conchal, diz presidente do sindicato
Nos últimos 15 dias, rumores têm circulado entre os moradores
de Conchal sobre a suposta obrigação do fechamento dos supermercados aos
domingos, imposta pelo Sindicato dos Empregados do Comércio de Limeira
(Sinecol), que também atua no município e em outras cidades da região.
Os boatos surgiram após informações de que o sindicato estaria cobrando o cumprimento do Artigo 386 do Decreto-Lei Nº 5.452 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1º de maio de 1943, que determina: “Havendo trabalho aos domingos, será organizada uma escala de revezamento quinzenal, que favoreça o repouso dominical”.
A interpretação desse artigo tem gerado debates. Em um
julgamento de Recurso Extraordinário (número 658.312), o Supremo Tribunal
Federal (STF) reforçou que o princípio da igualdade não é absoluto e que, em
determinados casos, a diferenciação no tratamento é justificável. O Tribunal
destacou que o Artigo 386 da CLT é uma norma protetiva, resguardada pela
Constituição Federal, visando garantir o repouso dominical das mulheres
trabalhadoras. A decisão ressaltou que essa proteção diferenciada é legítima,
mantendo a norma intacta após a Reforma Trabalhista.
Sindicato nega
obrigatoriedade de fechamento
Nesta segunda-feira (10), o F5 Conchal conversou com o
presidente do Sinecol, Paulo Cesar da Silva, que esclareceu que não há e nunca
houve qualquer determinação do sindicato obrigando os supermercados de Conchal
a fecharem aos domingos.
Segundo Paulo Cesar, a decisão de abrir ou manter fechado
continua sendo facultativa para os estabelecimentos. No entanto, os mercados
que optarem por abrir aos domingos devem cumprir a regra do revezamento
quinzenal (1X1), conforme estabelece o Artigo 386 da CLT. O presidente também
informou que uma nota oficial sobre o assunto será publicada na terça-feira
(11), e o F5 Conchal dará ampla divulgação ao documento.
Se fosse verdade?
Se houvesse uma determinação real para o fechamento dos
supermercados aos domingos, as consequências poderiam ser drásticas para a
economia local.
A proibição impactaria diretamente na geração de empregos,
uma vez que muitos trabalhadores que atuam aos domingos recebem pagamento do
dia trabalhado em dobro (embora não seja uma obrigatoriedade legal em todos os
casos) e têm direito a uma folga extra na semana. Para garantir a continuidade
das operações, os supermercados contratam os chamados "folguistas" —
funcionários comuns, mas com escalas diferenciadas, que garantem o revezamento
e permitem que o empresário mantenha a equipe completa sem sobrecarga. Esses
profissionais são essenciais para cobrir as folgas dos que trabalham aos
domingos, garantindo que a demanda do supermercado seja atendida ao longo da
semana.
Caso houvesse a obrigatoriedade de fechamento aos domingos,
esses trabalhadores perderiam suas funções, o que resultaria em demissões e na
diminuição da renda de diversas famílias. Além disso, a redução de postos de
trabalho impactaria diretamente na economia local, uma vez que menos empregos
significam menos circulação de dinheiro no município, prejudicando não apenas
os trabalhadores, mas também o setor comercial como um todo.
Quem ganharia com isso?
Durante a investigação conduzida pelo F5 Conchal, foi
possível perceber o receio de muitos proprietários de supermercados. A falta de
informação pode ter gerado incerteza e medo entre eles, especialmente se algum
não estiver em total conformidade com a legislação vigente.
Agora, imagine um cenário onde todos os supermercados de
Conchal fecham aos domingos. O que aconteceria? Muito provavelmente, uma grande
rede ou um empresário com mais recursos enxergaria essa brecha de mercado e
decidiria abrir um supermercado aos domingos, monopolizando as vendas e
dominando o setor num dia de grande demanda (domingo).
Com um volume de vendas maior, essa rede ou empresário conseguiria
facilmente manter uma equipe de folguistas e estruturar promoções atrativas
para atrair ainda mais clientes. Enquanto isso, os pequenos supermercados
perderiam espaço e clientela, tornando-se cada vez menos competitivos. Os
consumidores que costumam comprar nesses estabelecimentos durante a semana
poderiam passar a frequentar exclusivamente o novo supermercado aberto aos
domingos, enfraquecendo os comércios menores e desequilibrando a economia
local.
Portanto, a decisão de manter os supermercados abertos aos
domingos deve ser analisada com cautela, levando em conta tanto a legislação
quanto os impactos econômicos e sociais para a população.
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