Donald Trump
afirmou na noite deste sábado (21/6) que os Estados Unidos concluíram ataques a
três locais nucleares no Irã, incluindo Fordo, Natanz e Isfahan.
"Concluímos
com muito sucesso nosso ataque aos três locais nucleares no Irã, incluindo
Fordo, Natanz e Isfahan. Todos os aviões já estão fora do espaço aéreo
iraniano", escreveu ele na rede Truth Social.
Trump
acrescentou que uma "carga completa de bombas" foi lançada sobre
Fordo e que todas as aeronaves estavam retornando aos EUA.
Localizada a
cerca de 96 km ao sul da capital, Teerã, a instalação de enriquecimento de
urânio em Fordo fica em uma região montanhosa próxima à cidade de Qom.
O complexo
subterrâneo seria composto por dois túneis principais, onde estão instaladas
centrífugas usadas para o enriquecimento de urânio, além de uma rede de túneis
menores.
Antes do
ataque dos EUA , anunciado pelo presidente Trump, Israel vinha
pressionando Washington por uma intervenção, já que os Estados Unidos são a
única força militar com capacidade para atingir o local.
Neste
sábado, o exército dos EUA enviou bombardeiros furtivos B-2 para Guam,
território americano no Oceano Pacífico, segundo reportagens da imprensa
americana.
Essas
grandes aeronaves são consideradas as únicas capazes de transportar armas com
potencial para atingir a instalação nuclear mais protegida do Irã, localizada
sob uma montanha.
Autoridades
dos EUA não comentaram se o deslocamento tinha relação com o conflito no
Oriente Médio. A movimentação também não foi confirmada de forma independente
pela BBC.
Na
sexta-feira, Trump disse que daria ao Irã no máximo duas semanas para chegar a
um acordo que limitasse seu programa nuclear e, assim, evitar ataques
americanos.
Em
entrevista exclusiva à BBC na quinta-feira (19/6), o vice-ministro das Relações
Exteriores do Irã, Saeed Khatibzadeh, alertou sobre as consequências caso os
Estados Unidos entrem no conflito.
Ele afirmou que, se os Estados Unidos se juntarem a Israel na ofensiva contra o Irã, haverá "um inferno em toda a região".
Falando à
jornalista da BBC Lyse Doucet, Khatibzadeh disse que, se Trump decidir
participar do conflito, será lembrado por ter entrado em "uma guerra que
não era dele".
O conflito entre Israel e Irã entra no décimo dia sem sinais de trégua.
Israel informou ter lançado novos ataques contra o sul e o centro do Irã, com alvos como um "depósito de armas" e "infraestrutura militar".
A mídia estatal iraniana disse que, como resposta, as defesas aéreas foram acionadas no sul do país e que drones israelenses estavam sendo "monitorados" e "destruídos".
Mais cedo, Israel afirmou ter matado três altos comandantes iranianos, incluindo Saeed Izadi — descrito como um dos arquitetos dos ataques de 7 de outubro — e o comandante da Força Quds, Behnam Shahriyari.
A agência nuclear da ONU confirmou que Israel atingiu a instalação de Isfahan, no centro do Irã, e o diretor da entidade declarou que o ataque "não terá consequências radiológicas". A equipe da BBC Verify identificou, por imagens de satélite, novos danos a vários edifícios no local.
Os ataques contínuos na região foram acompanhados de retórica inflamada, com o presidente iraniano afirmando, segundo a agência estatal IRNA, que o país tem o direito de desenvolver programas nucleares pacíficos.
O que se
sabe sobre os locais atingidos
Escondida na encosta de uma montanha ao sul de Teerã, a instalação nuclear de Fordo estaria em um subsolo mais profundo do que o Túnel do Canal da Mancha que conecta o Reino Unido e a França.
Fordo foi construída estrategicamente embaixo da montanha justamente para evitar ataques aéreos de adversários militares.
Acredita-se que a instalação subterrânea consista em dois túneis principais que abrigam centrífugas usadas para enriquecer urânio, bem como uma rede de túneis menores.
Algumas das instalações mais sensíveis de Fordo podem estar enterradas ainda mais profundamente, a até 800 metros de profundidade.
A profundidade é muito maior do que a de outro local subterrâneo de enriquecimento de urânio do Irã, em Natanz, que analistas acreditam estar a cerca de 20 metros abaixo da superfície.
Natanz foi outro lugar citados por Trump no ataque deste sábado.
No dia 15 de junho, Israel atingiu dezenas de alvos em todo o Irã, danificando a instalação. Especialistas acreditam que ela esteja agora "severamente danificada, se não completamente destruída".
Já a cidade de Isfahan, terceiro local atingido, segundo o presidente americano, é um importante centro da indústria militar iraniana.
Terceira maior cidade do Irã, Isfahan é um centro de fabricação de drones e mísseis balísticos.
Ela foi alvo de ataques anteriores pelos quais Israel foi responsabilizado. Em janeiro de 2023, o Irã culpou Israel por um ataque de drone a uma fábrica de munições no centro da cidade. O ataque teria sido realizado usando quadricópteros, que são pequenos drones com quatro hélices.
O programa
nuclear do Irã
O Irã sempre afirmou que seu programa nuclear é totalmente pacífico e que nunca procurou desenvolver uma arma nuclear.
No entanto, uma investigação de uma década realizada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de vigilância nuclear global, encontrou evidências de que o Irã conduziu "uma série de atividades relevantes para o desenvolvimento de um dispositivo explosivo nuclear" do final da década de 1980 até 2003, quando os projetos conhecidos como "Projeto Amad" foram interrompidos.
O Irã continuou com algumas atividades até 2009 — quando as potências ocidentais revelaram a construção da instalação subterrânea de enriquecimento de Fordo — mas depois disso não houve "nenhuma indicação confiável" de desenvolvimento de armas, concluiu a agência.
Em 2015, o Irã fechou um acordo com seis potências mundiais, segundo o qual aceitou restrições às suas atividades nucleares e permitiu o monitoramento rigoroso pelos inspetores da AIEA em troca de alívio das sanções paralisantes.
Os principais limites abrangiam sua produção de urânio enriquecido, que é usado para fabricar combustível para reatores e também armas nucleares.
Mas Trump abandonou o acordo durante seu primeiro mandato em 2018, dizendo que ele fazia muito pouco para impedir o caminho para uma bomba, e restabeleceu as sanções dos EUA.
O Irã retaliou violando cada vez mais as restrições, principalmente as relacionadas ao enriquecimento.
De acordo com o acordo nuclear, nenhum enriquecimento foi permitido em Fordo por 15 anos. No entanto, em 2021, o Irã voltou a enriquecer urânio com 20% de pureza.
O conselho de governadores da AIEA, formado por 35 países, declarou formalmente que o Irã violou suas obrigações de não proliferação pela primeira vez em 20 anos.
O Irã disse
que responderia à resolução estabelecendo uma nova instalação de enriquecimento
de urânio em um "local seguro" e substituindo as centrífugas de
primeira geração usadas para enriquecer urânio por máquinas mais avançadas, de
sexta geração, na usina de enriquecimento de Fordo.
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