Com 82% de mortalidade, o câncer de pulmão é o tumor que mais
mata no Brasil, sendo responsável por 30% das mortes por câncer no país, onde a
doença leva mais de 30 mil pessoas a óbito todos os anos.
Os números assustam e o grande vilão desta ‘história de
terror’ é o fumo. Segundo o oncologista Fernando Medina, diretor do CECAN-
Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba, relação do cigarro com o câncer
de pulmão é muito próxima, já que o tabaco fumado em qualquer uma de suas
formas é responsável por 90% de todos os cânceres de pulmão.
“Daí a importância de aproveitarmos o Dia Nacional de Combate
ao Fumo, 29 de agosto, para reforçar ações de sensibilização e mobilização da
população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados
pelo tabaco”, considera o oncologista lembrando que a data inaugura a
normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde
coletiva.
Ele alerta que o tabagismo atrapalha o tratamento da doença,
amplia os riscos de recorrência do tumor e expõe o paciente ao surgimento de
novos tumores, entre outras doenças. “Isso ocorre porque a nicotina possui
propriedade de angiogênese; ou seja, formação de novos vasos que favorecem a
proliferação das células cancerosas”, explicou Medina.
Além disso, as substâncias que compõem o cigarro atuam
diretamente no DNA das células, causando novas mutações que facilitam a
carcinogênese, que é a transformação de células saudáveis em células
cancerosas.
“Um único cigarro possui mais de 4 mil substâncias tóxicas,
das quais 60 são comprovadamente cancerígenas, causando pelo menos 14 tipos
diferentes de câncer devido, entre outros, ao arsênio, níquel, benzopireno,
cádmio, resíduos de agrotóxicos, substâncias radioativas, como o Polônio 210,
acetona, naftalina e até fósforo P4/P6, substâncias usadas em veneno para matar
rato”, alertou o oncologista.
Ele explica que a fumaça do cigarro diminui o movimento dos minúsculos
cílios que revestem a parede interna dos pulmões, o que dificulta a eliminação
do muco e deixa os pulmões rígidos, dificultando a troca entre o ar que entra e
o ar que sai deles.
A boa notícia, porém, é que no prazo de uma a duas semanas
depois de parar com o cigarro, o pulmão irritado já consegue diminuir o número
de células produtoras de muco, desbloqueando a passagem de ar e regulando a quantidade
de saliva produzida.
Portanto, para os que ainda acreditam que não vale a pena
parar de fumar, pois o dano já estaria feito, especialistas afirmam justamente
o contrário: os prejuízos do tabagismo são cumulativos, ou seja, quanto mais
tempo uma pessoa fuma, maior será o seu risco de vir a sofrer doenças graves
com alto risco de morte.
“Os benefícios para quem larga o cigarro começam 20 minutos
após a última tragada, quando já se observa a regularização dos batimentos do
coração; portanto, dez anos sem fumar significam reduções importantes nos
riscos de infarto, derrame e câncer de pulmão”, ressaltou Fernando Medina.
Ele alerta que o tabagismo está fortemente associado também
aos cânceres de cavidade oral, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas,
fígado, rim, bexiga, colo do útero e leucemias.
“Mas O hábito de fumar também aumenta as chances de AVCs e ataques cardíacos, contribuindo ainda para o desenvolvimento da obesidade e de enfermidades como diabetes, tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose e catarata, entre outras ocorrências que levam ao surgimento de doenças que matam mais de 200 mil pessoas todos os anos no Brasil”, disse.
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