Mulher é curada do HIV com células-tronco do cordão umbilical e tem história descrita em um estudo publicado na revista Cell
Uma mulher que ficou mundialmente conhecida como "a
paciente de Nova York" após ser a primeira pessoa presumivelmente curada
do HIV com células-tronco do cordão umbilical — teve sua história descrita em
um estudo publicado semana passada na revista Cell. De acordo com os
pesquisadores, a paciente está livre do vírus e sem medicação há 30 meses.
Além de ser a primeira pessoa a entrar em remissão da doença
depois de receber células-tronco do cordão umbilical, a nova-iorquina também é
a primeira paciente não branca curada do HIV. Os demais, que ficaram conhecidos
como pacientes de Berlim, de Londres e de Düsseldorf, também se livraram do
vírus, porém após receber células-tronco de adultos compatíveis, portadores de
uma mutação que impede a entrada do HIV nas células.
Entre esses pacientes —
todos homens brancos — a paciente se destaca porque "é extremamente
raro que pessoas de cor ou raça diversa encontrem um doador adulto sem
parentesco suficientemente compatível", explica a professora de Pediatria
da UCLA, Yvonne Bryson, que participou do estudo.
Por que a
paciente de Nova York recebeu células de um cordão umbilical?
Se apenas cerca de 1% dos brancos são homozigotos para a
mutação CCR5-delta 32 e ela é ainda menos prevalente em outras populações, os
médicos sabiam que seria praticamente impossível achar um doador adulto
compatível para a paciente de Nova York. Por isso, a equipe médica decidiu
transplantar células-tronco portadoras da mutação no sangue de um cordão
umbilical, para tratar simultaneamente um câncer e o HIV.
Como células do cordão umbilical estão disponíveis em menor
quantidade, "leva um pouco mais de tempo para que elas preencham o corpo
depois de infundidas", explica Bryson. Dessa forma, a solução encontrada
foi usar uma mistura de células-tronco de um parente compatível do paciente,
junto com as células do sangue do cordão umbilical. Esse procedimento "dá
às células do sangue do cordão um pontapé inicial", diz a pediatra.
De acordo com a outra autora do estudo, Deborah Persaud,
especialista em doenças infecciosas da Universidade Johns Hopkins, por se
tratar de um processo altamente invasivo, transplantes de células-tronco são
adotados apenas em pacientes que precisam de transplantes por outros motivos
além de curar o HIV.
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