Real denuncia crimes de ódio contra Vini Jr. ao Ministério Público - Outras organizações também acionam Procuradoria-Geral da Espanha
O Real Madrid denunciou à Procuradoria Geral da Espanha para investigar crimes de ódio e discriminação sofridos pelo atacante brasileiro Vinícius Júnior, na derrota por 1 a 0 contra o Valência, no domingo (21), pelo campeonato nacinal. Em comunicado oficial nesta segunda-feira (22), o clube ressalta que “manifesta sua mais forte repulsa e condena os acontecimentos ocorridos ontem contra o nosso jogador”.
Para o clube merengue, “tais ataques também constituem um crime de ódio, razão pela qual apresentou a denúncia correspondente à Procuradoria-Geral do Estado, especificamente à Procuradoria contra crimes de ódio e discriminação, para que os fatos sejam investigados e apuradas as responsabilidades”.
Outras duas organizações, o Sindicato de jogadores do país (Associação de Jogadores de Futebol da Espanha -AFE) e o Movimento Contra a Intolerãnica (MCI) - também repudiaram o “comportamento inaceitável de alguns torcedores” e acionaram o Ministério Público espanhol contra os insultos e ofensas racistas direcionados a Vini Jr.
“Tanto o Governo quanto o Ministério Público podem e devem agir imediatamente sobre o assunto para adotar as medidas necessárias diante de eventos tão graves. Nem tudo vale no esporte, no qual se abrigam verdadeiros criminosos que devem ser repudiados e punidos com a contundência que merecem”, afirmaram as duas entidades, em nota.
Reincidentemente, o brasileiro Vini Jr., de 22 anos, vem
sendo alvo de ataques racistas durante jogo do Campeonato Espanhol, organizado
pela LaLiga, uma entidade privada. Neste domingo (21) ele foi mais uma vez
insultado, antes mesmo de pisar em campo. De acordo com a Reuters, vídeos
publicados nas redes sociais mostraram centenas de torcedores do Valencia
cantando "Vinícius é um macaco", no momento em que o ônibus do Real
chegava ao estádio Mestalla.
Depois, durante o jogo, insultos racistas e gritos de
'macaco' foram proferidos das arquibancadas, após um lance aos 29 minutos do
segundo tempo: Vini tentou jogada pela esquerda, e no momento uma segunda bola
foi arremessada no campo e chutada por Eray Cömert, atleta do Valencia, de
maneira proposital para interromper o lance do brasileiro. Foi quando Vini se
dirigiu à parte da torcida do Valencia, localizada atrás do gol do time local,
e apontou para torcedores que o insultavam chamando-o de macaco. O jogo chegou
a ser paralisado por oito minutos, e depois foi retomado. No entanto, nos
acréscimos, Vini se envolveu em uma confusão com o goleiro Giorgi Mamardashvili
e, após ser contido pelo adversário Hugo Duro com uma gravata, acertou o rosto
do atleta do Valencia ao tentar se desvencilhar. No fim, apenas o brasileiro
foi punido, sendo expulso.
Após a partida, o técnico do Real Madrid, o italiano Carlo Ancelotti, se mostrou revoltado e incrédulo com o acontecimento.
“Não quero falar de futebol, mas sim do que aconteceu aqui.
Isto não pode ocorrer, um estádio inteiro gritando algo assim. Ele não queria
continuar e eu acharia justo, porque é a vítima. Isto não pode acontecer”,
disse Ancelotti.
O atleta também desabafou nas redes sociais e lamentou que
os repetidos ataques discriminatórios estão fazendo com que a Espanha seja
conhecida como “um país racista”.
“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhois que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui".
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