SP Sem Fogo: Defesa Civil usa satélites e mapa em tempo real para prevenir incêndios - Órgão aposta em inovações tecnológicas de monitoramento para o período de estiagem
O Governo de São Paulo, por meio da Defesa Civil Estadual, conta com ferramentas tecnológicas aprimoradas para auxiliar na prevenção e combate a incêndios durante a Operação SP Sem Fogo, que ocorre durante o período de estiagem, entre 1º de junho e 30 de setembro.
São dois mapas atualizados diariamente que conseguem, por
meio de algoritmos e de monitoramento via satélites, detectar possíveis riscos
de incêndio em cada região do estado e também identificar focos de queimada já
existentes. As ferramentas são fruto de um contrato da Defesa Civil com a
empresa de meteorologia Climatempo.
As tecnologias foram utilizadas no período de estiagem do ano
passado e passaram por melhorias para a Operação SP Sem Fogo de 2023.
Mapa de Risco de Incêndio
O Mapa de Risco de Incêndio funciona como uma ferramenta
preventiva. Com base em modelos meteorológicos, é possível identificar as
chances de incêndio em determinado local. Isso é feito a partir de algoritmos
que compilam dados sobre elementos como o nível de chuva dos últimos dias,
cobertura vegetal, umidade do ar e do solo, temperatura e velocidade do vento.
Com isso, a ferramenta gera diferentes cores no mapa, que
representam as chances de um incêndio ocorrer. As cores são atualizadas duas
vezes ao dia no mapa. Além do dia atual, também são mostrados mapas com previsão
para os próximos cinco dias.
No início, o mapa contava com quatro cores: vermelho (alerta
para risco de incêndio), laranja (chance alta para incêndio), amarelo (nível
baixo) e cinza (sem risco). Desde o final da operação passada, no entanto, foi
incluída a cor roxa, que representa o risco de maior gravidade.
“Devido aos algoritmos, acontecia muito, principalmente em agosto e setembro, que são os meses onde mais tem incêndio em vegetação, de o mapa ficar quase todo vermelho, em alerta, e isso diminuía a nossa perspectiva de focar nas regiões que realmente estavam críticas. Pedimos para apurarem esse algoritmo e criarem a condição emergencial, a roxa, para a gente focar nelas”, afirma o capitão Felipe Zaupa, diretor do Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil Estadual.
A partir dos alertas emitidos, os municípios conseguem se
preparar para eventuais combates, além de promover campanhas para a
conscientização da população.
“Com base nessa previsão, os agentes conseguem se preparar,
fazendo campanhas com a população para não jogar bituca de cigarro, não colocar
fogo em lixo em terrenos, porque qualquer foco pequeno pode se alastrar e sair
do controle. Além de campanhas de saúde pública, para as pessoas manterem suas
residências umidificadas, por exemplo”, diz o capião.
Além das chances de incêndio, o mapa também consegue identificar possíveis chegadas de frentes frias, o que ajuda os gestores locais a se anteciparem e oferecerem auxílio à população que vive nas ruas, por exemplo.
Todos os 645 municípios do Estado de São Paulo recebem essas
informações, por meio do Sistema Integrado de Defesa Civil, que agrega os
coordenadores municipais de Defesa Civil e suas equipes, além dos coordenadores
regionais.
SMAC
Outra ferramenta utilizada pela Defesa Civil nesta época do
ano e que também passou por melhorias para 2023 é o Sistema de Monitoramento e
Alerta da Climatempo, o SMAC.
A partir de informações colhidas por quatro satélites, um
fixo e três orbitais, o sistema gera um mapa a partir do qual é possível
identificar focos de incêndio já em andamento. Os focos identificados costumam
ter abrangência de mais de 50 metros quadrados.
Ao detectar uma possível queimada, os satélites – que possuem diferentes níveis de sensibilidade – fazem marcações no mapa. Cada satélite tem um marcador com uma cor diferente. Os “pins” são georreferenciados, com latitude e longitude, o que possibilita a localização exata do fogo.
“Pode ser que o foco seja pequeno e o satélite mais sensível
pegue, mas o menos sensível, não. Os focos pequenos não são de interesse da
Defesa Civil, eles podem ser, por exemplo, um fogo urbano, um fogo em caçamba,
um pequeno foco em terreno”, explica o capitão Zaupa. “Quando é realmente um
fogo de grandes proporções, seja em reservas estaduais, seja numa plantação,
ele vai ser apontado por mais de uma cor de satélite, vai ter um pin azul, um vermelho,
um amarelo”, completa.
Com base nisso, a Defesa Civil faz contato com o município
para averiguar se a ocorrência de incêndio já foi identificada. Se não, o órgão
informa os agentes locais, que despacham uma viatura para o local e efetuam o
combate, por meio do Corpo de Bombeiros ou da própria Defesa Civil municipal.
Segundo o capitão, no ano passado, já foi possível identificar diversos incêndios que ainda não tinham sido registrados pelos municípios, os auxiliando no combate. “Houve várias situações em que ligamos para o Corpo de Bombeiros ou para o agente municipal de Defesa Civil, que foram até o local efetuar o combate. Ou que foram e o fogo já havia sido extinto naturalmente”, afirma o capitão da Defesa Civil.
Para este ano, o sistema passou por melhorias. “A gente
aprimorou neste ano colocando alguns filtros. Antes, o sistema mostrava os
focos das últimas 24 horas, e pedimos para mudar para as últimas três horas,
para ser algo mais em tempo real”, afirma Zaupa.
Outro aprimoramento para a Operação SP Sem Fogo 2023 foi a
disponibilização de logins para que todas as 19 regiões administrativas do
estado tenham acesso ao mapa.
“No ano passado, a gente fazia a triagem aqui no Centro de
Gerenciamento, junto de um meteorologista, pegava o telefone e ligava para a
região que tinha um adensamento de focos. Porque a gente ainda estava testando
a ferramenta”, afirma o capitão.
“Agora não, além de colocarmos o filtro das últimas três
horas, para ter uma análise mais assertiva, vamos abrir também o acesso para
todas as regiões , para que também possam fazer o monitoramento. Em vez de
termos três ou quatro pessoas olhando para o estado todo, vamos ter cerca de
duas mil, somando todos os agentes municipais”, completa o diretor do Centro de
Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil Estadual.
Umidade relativa do ar
Além dos mapas, a Defesa Civil colocará em prática neste
período de estiagem o Plano de Contingência para a época da seca, como já
ocorre todos os anos. São 190 municípios que participam do plano, concentrados
nas regiões norte e noroeste do estado, tradicionalmente mais secas. Por meio
desse plano, os municípios recebem alertas da Defesa Civil com base nos
diferentes níveis de umidade relativa do ar registrados.
“A gente usa três níveis: atenção, alerta e emergência.
Quanto mais baixa a umidade, maior a chance de se ter queimadas. Às vezes, um
fogo inicialmente controlado pode se proliferar, então a gente pede que as
pessoas evitem esse tipo de prática”, afirma o meteorologista da Defesa Civil
do Estado, William Minhoto.
Outro ponto de preocupação das autoridades, sempre presente nesta época do ano, são as festas juninas, que costumam vir acompanhadas de fogueiras e, principalmente, soltura de balões, que podem também se tornar causadores de queimadas em vegetação.
A Defesa Civil também emite orientações para que as pessoas
evitem jogar bitucas em mata na beira de rodovias, que no período da seca podem
ser catalisadores de incêndios. Os alertas são emitidos via SMS, Whatsapp e
também em boletins meteorológicos diários.
Segundo o meteorologista, em agosto, mês considerado o pico da seca no estado, o número de alertas chegam a dobrar. Também nesta época, o nível mais crítico de baixa umidade atinge, em média, 10 municípios do estado diariamente.
Além de avisos e orientações para evitar queimadas, a Defesa
Civil também orienta, via os alertas, a população a tomar medidas de precaução
voltadas à saúde, como deixar os ambientes umidificados, evitar reuniões em
ambientes fechados e atividades físicas a céu aberto.
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