Com apoio e parceria da Escola Politécnica (Poli) da
USP, acontece a segunda edição do
CooTEA, um projeto que nasceu com a missão de incluir pessoas autistas desde a
escola até o mercado de trabalho, com treinamentos específicos e técnicas de
ensino especializadas.
Emanuel Santana, integrante da plataforma Adapte Educação de
formação especializada em terapia, ensino e inclusão de pessoas autistas – e
parceira do projeto –, explica que a parceria entre o projeto CooTEA e a Poli
surgiu em 2021.
“A gente começou treinando em grupo de servidores de Cajamar
juntamente com a Poli USP, e dessa experiência nasceu essa relação com a Poli,
por conta da terapia para o autismo e das demandas que os autistas apresentam
para a sociedade”, explica. Antônio Massola e Eduardo Mancebo, professores
participantes do projeto, entenderam que um projeto firmado entre a empresa e a
Universidade geraria resultados satisfatórios e assim surgiu o CooTEA,
cooperação para treinamento e emprego de pessoas autistas.
Impactos do
autismo
Nos últimos 18 anos, o número de diagnósticos de autismo
cresceu mais de 400%. Atualmente, no Brasil, existem aproximadamente 5,6
milhões de pessoas autistas. Segundo Santana, esse grupo enfrenta inúmeros
desafios, como abusos físicos, discriminação e exclusão escolar. “A escola
tende a ser um muro – o muro já foi maior para essa população de pessoas
autistas –, ou seja, a exclusão era muito forte, era uma segregação que acabava
gerando prejuízos em todas as áreas além da do aprendizado”, revela.
Além disso, os impactos do diagnóstico de autismo também
afetam economicamente as famílias, seja pela necessidade de pagar terapias ou
por conta do abandono paterno – que o especialista classifica como frequente –,
situação em que as mães acabam criando os filhos de maneira solo. “A barreira
escolar impede que essa pessoa acesse oportunidades de emprego e a família dela
acaba tendo a renda muito fragilizada”, aponta Santana. Assim, o projeto surge
para incluir pessoas que estão no espectro autista desde o ambiente escolar até
o mercado de trabalho.
Atuação da
Escola Politécnica
Santana explica que todas as edições do projeto são temáticas
e oferecem uma formação específica para os participantes. A edição atual, por
exemplo, é focada em programação em Javascript. Depois do curso, os
profissionais estão capacitados para trabalhar tanto por trás dos softwares
quanto na parte visual.
Antônio Massola, professor da Escola Politécnica, é
presidente da Comissão do Conselho de Ensino do CooTEA, responsável por avaliar
a capacidade dos alunos de ingressar, ou não, no mercado de trabalho. Caso seja
aprovado pela comissão, o indivíduo passa a atuar profissionalmente e é
supervisionado por mais seis meses, com o objetivo de flexibilizar as normas
das empresas e criar ambientes de trabalho mais adaptativos para pessoas com
autismo.
Repercussão
do projeto
Até agora, o projeto impactou diretamente quase 100
indivíduos e até 2030, segundo Santana, a meta é capacitar 10 mil pessoas com
autismo.
Está aberto o processo de seleção para empresas interessadas
em receber treinamentos sobre como incluir pessoas autistas nos ambientes de
trabalho. Para participar, acesse o link cootea.com.br/empresa e realize a
inscrição. O processo de treinamento é totalmente gratuito e o prazo para se
inscrever vai até o dia 29 de fevereiro.
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